Bolsonarista atira em ônibus escolar no Paraná

Cerca de 30 alunos estavam no veículo que foi alvejado por homem que participava de acampamento em frente ao tiro de guerra de Bandeirantes (PR)

Por Luana Bonone.

Cerca de 30 alunos voltavam de um evento no interior do Paraná quando foram alvejados por dois tiros ao passar em frente ao acampamento bolsonarista instalado em frente ao tiro de guerra da cidade de Bandeirantes (PR). O ataque ocorreu na noite da última quinta (24), por volta de 21h30. De acordo com o portal Bem Paraná, o motorista do ônibus e a diretora da escola, que também estava no veículo, registraram boletins de ocorrência. Mais tarde, participantes do acampamento também o fizeram, oferecendo outra versão.

Os estudantes do Colégio Estadual do Paraná Cyriaco Russo estavam retornando de uma viagem feita a Itambaracá (a 12 quilômetros de Bandeirantes) para participar de um evento de bandas de fanfarra. De acordo com relato postado no Instagram por um dos passageiros, Fabio Padilha Jr., os jovens comemoravam animadamente a boa atuação no evento, com gritos, cantos e batucada.

Motivo torpe

Ao ver o acampamento, em frente à base militar Tiro de Guerra alguns começaram a gritar “Lula”, em referência ao presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, por achar a situação engraçada. Foi então que um homem barbado usando uma jaqueta de couro e camisa branca sacou uma arma e desferiu dois disparos que atingiram janelas do transporte coletivo. O estilhaço das janelas atingiu ao menos um dos estudantes, que fez o relato postado em uma conta do Instagram. Vários dos passageiros eram adolescentes, alguns com apenas 14 anos.

O Boletim de Ocorrência feito pela diretora da escola e pelo motorista do ônibus relata que “às 22h um homem procurou a Polícia Militar relatando que transportava alunos da fanfarra quando na Avenida Edelina Meneghel Rando, nas proximidades do Tiro de Guerra, os alunos perceberam quando o ônibus foi atingido por um disparo de arma de fogo. Relatou também que foi constatado que duas janelas do ônibus foram danificadas”.

Versão

Um outro boletim de ocorrência, entretanto, teria sido registrado mais tarde por integrantes do acampamento golpista, dizendo que “a versão relatada sobre o ônibus de alunos ter sido atingido por um disparo de arma de fogo não procede. Relatou ainda que tomaram conhecimento que o ônibus fora alvo de um apedrejamento na cidade de Itambaracá e que tentaram atribuir o dano aos manifestantes”.

O estudante ferido pelos estilhaços de vidro, Fabio Padilha Junior, de 18 anos, relatou o ataque. Atualmente cursando Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), Fabio passou no vestibular há 7 meses e apresenta-se em suas redes como criador de conteúdo digital, além de demarcar que pertence à comunidade LGBT.

Confira a íntegra do relato, que foi postado junto com duas imagens das janelas do ônibus atingidas pelos disparos:

Estávamos voltando de uma apresentação em que nossa fanfarra foi convidada para se apresentar lá em Itamaracá (Paraná) e como de costume viemos gritando o batendo nos instrumentos o caminho todo.

Quando chegamos em Bandeirantes (Paraná) a gente começou a gritar e bater mais alto […] estávamos gritando Lula mas foi pelo humor e para fazer a situação caótica ficar engraçada porque não estávamos acreditando no que tinha acabado de acontecer.

(Na hora do ocorrido) Ninguém estava gritando Lula e os que estavam eram minoria, eu não escondo de ninguém que voto sim no Lula, mas por incrível que pareça, eu não estava gritando.

Foi quando tinha uma rodinha naquela barraca (de manifestantes bolsonaristas) em frente ao tiro de guerra e um homem que estava com uma jaqueta de couro preta, camisa branca e tinha barba sacou uma arma e deu dois disparos contra o ônibus.

No momento tinha vários alunos (menores de idade) com o rosto próximo ao vidro, um tiro pegou na janela em que eu estava sentado, eu vi ele tirando a arma e abaixei quando ouvi o barulho e olhei para ver o vidro já estava quebrado tanto na minha janela como na janela de trás.

Meu braço estava cheio de caco de vidro pequeno. No banco de trás, estavam dois alunos de 14 anos que também foi a janela atingida pelo disparo.

Eu vi o vídeo e comecei a chamar a diretora que estava no mesmo ônibus que a gente (graças a Deus) pois a diretora não iria deixar a gente ter atitude errada alguma, estava olhando e também comemorando com a gente a linda apresentação que tínhamos feito.

Na hora ela não pensou duas vezes e fomos para o pelotão na qual a diretora realizou um B.O contando o relato.

Agora é esperar a justiça ser feita, pois eu não sei vocês, mas acho um absurdo uma pessoa que diz estar lutando pela justiça atirar contra um ônibus de alunos.

O tanto de coisa ruim que poderia acontecer eu não gosto nem de imaginar, essa p4lhaçad4 tem que acabar.

Um ônibus cheio de alunos menores de idade, a tragédia poderia ser pior.

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