O risco de um grande estelionato eleitoral no Brasil

Por José Alvaro Cardoso, para Desacato.Info.

Imagem: Freepik

A questão nacional, de defesa do país, de sua população é fundamental,
especialmente quando se trata de um país oprimido pelo imperialismo, como o
Brasil. Para o povo a defesa do seu país, de sua economia, do território, da
Amazônia, é fundamental. Os ricos têm muito dinheiro, inclusive depositados
em paraísos fiscais, para fugir dos impostos. Mas o povo só conta com o suor
do seu rosto e com a sua força de trabalho. O trabalhador quando tem que sair
do país é para ser explorado nos países ricos, exercendo as funções mais
penosas, que os cidadãos daqueles países não querem desempenhar.
Jair Bolsonaro é patriota de fachada, é um falso nacionalista, assim como a
extrema direita tradicional. A comprovação de que Bolsonaro é um falso
patriota é a destruição de direitos que vem fazendo. Não existe pátria com
destruição dos direitos do povo. O governo vem impedindo que o salário-
mínimo, que é tão fundamental para a maioria do povo, tenha ganhos reais, há
quatro anos. Fez uma contrarreforma para dificultar a aposentadoria e baixar
os seus valores, que já são bastante modestos. São medidas que vão contra
os interesses da população, que depende de se aposentar para continuar
comendo e pagando suas contas.

A imensa polarização existente no país hoje não é obra do espírito santo,
mas decorrência de uma crise econômica sem precedentes e sem um fim
previsível. Como ocorre em graves crises, a cada ação encaminhada, ao invés
de aliviar a crise, esta é alçada à um patamar superior. Em um quadro de crise
mundial aguda como a atual, cujas consequências neste momento são
imprevisíveis, aumenta a disputa por matérias primas, fontes de energia e
mercados mundiais. Um país com os recursos naturais e com a extensão
territorial do Brasil, com uma política de desenvolvimento, petroquímica
desenvolvida, com as reservas petrolíferas que dispõe, seria imbatível como
nação desenvolvida.

A posição do governo Bolsonaro em relação à questão nacional é muito
simples. Entregou a Base de Alcântara no Maranhão para os norte-americanos,
mas faz de conta que é nacionalista. Tem posição ambígua em relação à uma questão fundamental como a Amazônia. Claro que o governo Bolsonaro não
tem como fazer uma gestão correta da Amazônia. Este é um governo
incompetente em qualquer área, especialmente no tema ambiental, que é
complexo e exige um mínimo de capacidade de planejamento e gestão.

O governo de Bolsonaro está destruindo as ferramentas de execução de
política econômica, o conjunto de medidas encaminhadas ou anunciadas pelo
governo tendem a debilitar ainda mais a economia brasileira. Venda de estatais
estratégicas sem política de valorização dos ativos, entrega do pré-sal e de
outros recursos naturais, achatamento do mercado consumidor interno via
arrocho salarial, regressão em décadas na regulamentação do trabalho,
esvaziamento do BRICS, fragilização do Mercosul, tudo isso enfraquece ou
dificulta muito a possibilidade de retomada do crescimento do país.

Tudo indica que vem mais bomba por aí. Segundo várias matérias de jornais, publicadas a partir de quinta-feira, dia 20, Bolsonaro prepara a maior farsa eleitoral da história brasileira. Segundo as reportagens há um estudo preparado ao longo de meses pelo ministério da Fazenda, mas mantido em segredo até agora, visando, supostamente, obter o “equilíbrio das contas públicas”. O plano, dentre outras coisas, defende o fim da correção do salário- mínimo e das aposentadorias pela inflação. Esse conjunto de medidas que, se
confirmada, é brutal, está sendo pensado em uma conjuntura na qual o governo gastou mais de R$ 350 bilhões para tentar comprar votos e obter a vitória artificial nas urnas.

A previsão é que cerca de 75 milhões de pessoas, as mais empobrecidas do país, serão afetadas. Imaginem o salário-mínimo e as aposentadorias deixarem de ser corrigidos pela inflação, neste cenário em que os preços sobem descontroladamente. Especialmente o preço de alimentos e combustível. Teríamos uma queda do padrão de vida das famílias ainda maior do que já ocorreu nos últimos anos.

O pacote prevê ainda, segundo os jornais, privatizar as estatais que restam – Petrobras, Banco do Brasil, Caixa e Correios, em especial – para obter recursos. O país queimará, então, as empresas e bancos indispensáveis à reconstrução da sua economia. O país corre o sério risco de sofrer o maior estelionato eleitoral da história.

*Economista

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.