A adolescente indígena Ariane Oliveira Canteiro, de 13 anos, que estava desaparecida há nove dias, foi encontrada morta neste domingo (11). O corpo foi localizado na mata de uma propriedade rural nos arredores da reserva indígena de Dourados (MS). Ariane estava desaparecida desde a noite de 2 de setembro, quando sumiu da casa da família na Aldeia Jaguapiru. Ela era neta do cacique Getúlio de Oliveira.
A morte da adolescente foi confirmada pela Polícia Civil do Mato Grosso Sul. Um suspeito foi preso de envolvimento no crime. Segundo a corporação, ele foi encaminhado para a Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac) da cidade. O caso vem sendo investigado como feminicídio. A Polícia Civil não forneceu mais detalhes sobre a circustância da morte, alegando que a vítima tem menos de 18 anos.
O desaparecimento da adolescente mobilizou lideranças indígenas que, no dia seguinte ao ao paradeiro, iniciaram a campanha #OndeEstáAriane nas redes sociais. Segundo a mãe da adolescente, Aldeneia Oliveira, ao portal G1, Ariane estava com o irmão brincando com o celular quando eles ouviram alguém bater na porta. Ela saiu para ver quem era e não foi mais vista. “Passamos a noite procurando pela minha filha. No sábado procuramos o cacique, ele acionou as autoridades sobre o desaparecimento”, relatou a mãe.
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Força-tarefa indígena
Nas postagens, lideranças indígenas também comentaram que, nos últimos meses, Ariane estaria recebendo ameaças de morte por meio de bilhetes. A família diz que as intimidações começaram há um ano. Na época, Ariane foi dopada e desapareceu por várias dias até ser deixada em frente de sua casa. O novo sumiço desesperou toda a comunidade que se mobilizou para tentar encontrar pistas de seu paradeiro.
Ao longo dos últimos 9 dias, indígenas vinha atuando de forma independente até encontrarem, neste domingo, a jovem. O corpo foi localizado já em estado avançado de decomposição e encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) de Dourados. A perda foi lamentada nesta segunda (12) pela Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA). “Parem de violentar nosso corpo território”, pediu o movimento.
Violência em Dourados
A reserva indígena de Dourados, que abriga as aldeias Jaguapiru e Bororó, é a mais populosa do país. Povos originários das comunidades denunciam, no entanto, que faltam políticas públicas e de assistência. Segundo eles, a sensação é de insegurança diante da violência de fazendeiros da região e também doméstica e sexual. Além da violência constante, a região também é marcada pela falta de condições básicas de vida.
“Mais uma vez a falta de políticas públicas e segurança no MS tira a vida de um criança indígena. Ariane Oliveira, 13 anos, foi brutalmente assassinada. Após inúmeros bilhetes, as ameaças foram concluídas. A vida indígena no MS segue valendo menos que 1 cabeça de boi”, contestou em seu twitter Eriki Terena.
Mais uma vez a falta de políticas públicas e segurança no MS tira a vida de um criança indígena. Ariane Oliveira, 13 anos, foi brutalmente assassinada. Após inúmeros bilhetes, as ameaças foram concluídas. A vida indígena no MS segue valendo menos que 1 cabeça de boi. pic.twitter.com/UAIW5TpQYc
— Eriki Paiva (@erikiterena) September 12, 2022
O corpo foi encontrado em avançado estado de decomposição. Ariane era neta do Cacique Getúlio e estava há 9 dias desaparecida. Informações da Kuñangue Aty Guasu – Assembleia das Mulheres Kaiowá e Guarani. #JustiçaPorAriane
— Nidéwãna ? (@Karibuxi) September 12, 2022
Mais uma vida indígena se foi, com tanta crueldade. Ariane, uma criança de 13, do povo guarani kaiowá, foi encontrada morta em uma fazenda de Dourados/MS.
Fica aqui o meu recado ao @LulaOficial: cumpra com sua promessa, demarque as terras indígenas!
— Roberto (@piahroberto) September 12, 2022