A culpa é do cérebro? Professor da UFSC populariza a neurociência nas redes

    Professor Andrei Mayer gravando um episódio de podcast em estúdio improvisado em seu apartamento. Foto: Julio Cavalheiro/Secretaria de Estado da Comunicação (Secom)/Santa Catarina.

    O que acontece na mente quando pensamos? Como o cérebro faz cálculos? De onde vem o raciocínio lógico? Por que dormimos? Desde a infância e adolescência, o professor Andrei Mayer se pergunta sobre os mistérios relacionados ao funcionamento do cérebro humano. Também adorava acompanhar a programação do canal “Animal Planet”, o que inclusive influenciou na sua decisão de escolher o curso de Biologia quando chegou o momento de prestar vestibular. Hoje, aos 35 anos, ele procura encontrar essas respostas não só para saciar sua curiosidade, mas também para divulgá-las ao máximo de pessoas possível. Com cerca de 72 mil seguidores no Instagram e 107 mil inscritos em seu canal no Youtube, o professor tem se destacado como um popularizador da neurociência no Brasil.

    Andrei é docente do Departamento de Ciências Fisiológicas do Centro de Ciências Biológicas (CFS/CCB/UFSC) e está vinculado a dois programas de pós-graduação: o Programa Multicêntrico de Pós-graduação em Ciências Fisiológicas (PMPGCF/UFSC) e o Programa de Pós-graduação em Neurociências (PPGNeuro/UFSC). Leciona na graduação e pós-graduação, orienta estudantes de iniciação científica, mestrado e doutorado. Mas de tudo o que faz atualmente, o que mais lhe motiva é a divulgação científica.

    Trajetória

    Na UFRJ, Andrei passou a ter aulas com reconhecidos pesquisadores da área de neurociências. “Lá encontrei muitos neurocientistas famosos, que faziam divulgação científica e estavam sempre aparecendo em reportagens, artigos de jornal e entrevistas em programas de rádio e televisão. Valeu muito a pena ir para a UFRJ para aprender com esses pesquisadores e me formar como neurocientista”, relembra o professor. Aos 18 anos, Andrei iniciou sua formação acadêmica na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), sua cidade natal, mas já nos primeiros semestres da graduação percebeu que não era ali que encontraria as respostas às perguntas que tanto lhe motivavam a seguir estudando. Aconselhado por um professor, pediu transferência para a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde ingressou no curso de Ciências Biológicas – Modalidade Médica. “Sempre gostei muito de estudar cérebro e comportamento. Eu me sentia fascinado por tudo isso. Quando descobri que existia esse campo de estudos em outra universidade, decidi ir pra lá”, relata.

    Alguns dos docentes com quem teve contato foram Roberto LentSuzana Carvalho Herculano HouzelStevens Kastrup RehenFernanda Guarino de FeliceSérgio Teixeira Ferreira. Durante a graduação, Andrei trabalhou inicialmente no laboratório do professor Roberto Lent, e depois passou a desenvolver pesquisas com a supervisão de João Guedes da Franca. Este último, que já faleceu, foi seu orientador na graduação, no mestrado e doutorado. Todas as pesquisas de Andrei foram realizadas no Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF), instituição multidisciplinar que reúne cientistas reconhecidos internacionalmente.

    Já durante o doutorado e depois no pós-doutorado – que iniciou em 2016, imediatamente após concluir o doutorado –, Andrei passou a atuar na docência. Foi professor substituto na UFJF e na UFRJ. Em 2018, realizou o sonho que tinha desde a adolescência: foi aprovado em um concurso para professor adjunto da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). “O que mais me motivava a persistir nesse caminho era minha enorme vontade de seguir a carreira acadêmica como neurocientista. Toda minha trajetória foi movida por isso. Ainda que não conhecesse a área de neurociências até entrar na graduação, eu já amava desvendar o comportamento humano. Sempre achei fascinante saber como o cérebro funciona, desde muito novo tinha essa curiosidade.”

    Popularizando a ciência

    Desde que ingressou na UFSC, Andrei passou a se dedicar à popularização da ciência. Começou a gravar suas aulas e disponibilizá-las on-line, para que estivessem acessíveis não apenas a seus alunos, mas também a qualquer pessoa que se interessasse pelo tema. Criou o canal no Youtube A Culpa é do Cérebro, lançou um programa de podcast com o mesmo nome e uma página no Instagram, onde suas postagens são bastante didáticas, com uma linguagem leve e descontraída. Na descrição de seu canal do Youtube ele já sinaliza seu jeito informal de falar de ciência: “Vídeos de divulgação científica, com linguagem acessível, para todos entenderem como o cérebro funciona (e como é sempre culpa dele mesmo).”

    Andrei começou a fazer divulgação científica nas redes sociais, ainda de forma intermitente, no final de 2019: “Comecei a postar algumas coisas meio na brincadeira e aos poucos isso foi amadurecendo.” No início, ele relata, os desafios foram muitos, sobretudo por não ter sido incentivado, ao longo de sua carreira acadêmica, a divulgar suas pesquisas para um público mais amplo: “Nas ciências biológicas, nós somos muito pouco estimulados a fazer divulgação científica. Não tive muitas referências, a não ser um ou outro professor, como é o caso da Suzana Herculano Houzel.”

    Hoje, Suzana não está mais na UFRJ, onde Andrei a conheceu. Em 2016, ela mudou-se para os Estados Unidos e passou a atuar no Departamento de Psicologia e Ciências Biológicas da Universidade Vanderbilt. A pesquisadora é colunista do jornal Folha de S. Paulo e já escreveu diversos livros, entre eles o best-seller A vantagem humana: como nosso cérebro se tornou superpoderoso (Companhia das Letras, 2017), que já foi traduzido para outras línguas. Suzana também é palestrante do TED Talks, onde seus vídeos têm mais de três milhões de visualizações. Sua ampla atuação fora da academia foi o que encantou Andrei: “Era evidente a força, o poder que ela tinha. Ela chegou a ter um quadro no Fantástico! Quando falava alguma coisa, as pessoas de fato escutavam. Ela podia influenciar as pessoas e eu achava isso lindo. Durante a graduação, era muito instigante ver essa atuação dela.”

    Ter Suzana como referência, entretanto, não foi suficiente para que Andrei começasse a fazer divulgação científica quando era mais jovem: “Ela acabou me influenciando bastante, mas ainda assim, como são poucos que fazem, criamos diversos bloqueios. O tipo de comunicação que precisamos desenvolver para falar com leigos é muito diferente da que somos treinados na universidade, onde falamos com nossos pares.”  Segundo Andrei, essas dificuldades envolvem uma série de medos: o medo de se expor, o medo do que os outros podem pensar, o medo de simplificar demais o assunto e ouvir críticas de algum especialista. “É um processo que vamos amadurecendo com o tempo. Comecei a criar coragem, a acreditar que poderia fazer algo legal e aos poucos fui vencendo esses bloqueios.”

    Nesse processo, ajudou muito uma oficina de divulgação científica que Andrei fez com a professora Tattiana Teixeira, do Departamento de Jornalismo da UFSC: “Foi muito importante para eu amadurecer esse trabalho, quebrar esses vários bloqueios, criar coragem e ganhar confiança. Comecei postando um textinho ou outro no Instagram, ainda de forma bem esporádica. Depois passei a postar também uns vídeos e aos poucos essas postagens ficaram mais frequentes.” O professor relata que esse processo demandou muito esforço pessoal, mas ele estava realmente disposto a se dedicar à atividade, por considerá-la tão importante quanto suas demais atribuições como docente da UFSC.

    Uma das coisas que precisou aprender foi a dinâmica das redes sociais, uma vez que até então Andrei não tinha muita experiência: “Não sou um cara de redes sociais, não gostava e não usava. Comecei a usar especificamente para esse fim e logo percebi que mexer nas redes envolve aprender muita coisa nova. Cada rede tem uma dinâmica própria. Tem também a questão de saber com quem estamos falando, quem é nosso público-alvo. Esse é o tipo de coisa que só aprendemos na prática, leva um tempo até amadurecermos o melhor jeito de divulgar e nos tornarmos bons comunicadores.”

    A pandemia, segundo ele, acelerou esse processo: “Produzir material, gravar aulas e divulgar o que estávamos fazendo na internet passou a fazer parte do nosso cotidiano. Foi um impulso para quem queria fazer divulgação científica. Eu, por exemplo, que já estava gravando minhas aulas e fazia questão de deixá-las disponíveis no Youtube, fui amadurecendo essa prática ao longo de 2020.” Depois de gravar suas aulas, o próximo passo foi produzir conteúdos mais elaborados para o Instagram: “Eu lia artigos científicos e procurava aqueles que mais poderiam interessar às pessoas. Aos poucos fui aprendendo sobre como encontrar bons artigos, quais tópicos abordar ou não. Comecei de forma bem modesta, tateando para aprender.”

    Fontes de pesquisa

    Andrei consulta frequentemente os sites das revistas NatureNeuroscience News MagazinePNASCell PressScience, Sleep Journal, entre outras: “São revistas que gosto, revistas grandes e reconhecidas internacionalmente. Tenho pastas com coleção de artigos que seleciono nessas revistas.” Ele também faz buscas no Google, usando palavras-chaves em inglês, que geralmente direcionam para sites estrangeiros de jornalismo científico. Seu primeiro critério na seleção desses trabalhos é que sejam bem-feitos e tenham consistência. Depois, ele averigua se a pesquisa foi referendada por pesquisadores respeitados na área. Alguns artigos também são retirados das referências bibliográficas de livros que Andrei considera muito bons, como é o caso de “Por que nós dormimos: a nova ciência do sono e do sonho“, do neurocientista inglês Matthew Walker.

    O pesquisador prioriza os artigos que tratam de temas que podem chamar mais atenção do público: “Tem muito trabalho que é bem legal, mas sei que não vai interessar ao público leigo. Se eu não consigo relacionar aquilo com o dia a dia da pessoa ou não encontro nenhuma aplicabilidade, acabo nem falando do trabalho. Às vezes falo só de um pedacinho do trabalho. Por outro lado, há casos em que um mesmo trabalho rende muita comunicação.” Andrei também não se limita a divulgar os achados científicos mais recentes: “Às vezes trago trabalhos clássicos. Uma pesquisa mais antiga não necessariamente está ultrapassada.”

    Uma das vantagens de fazer divulgação científica, segundo o professor, é a oportunidade de ampliar seu horizonte de estudos, de aprender sobre temas que não estão diretamente relacionados a seus projetos de pesquisa: “Essas leituras vão muito além da minha linha de pesquisa e acabam tendo um impacto muito positivo nas minhas aulas e nas pesquisas que venho desenvolvendo. Decidi mudar uma série de coisas e já tive muitas ideias para novos projetos.” Andrei relata que, desde quando era estudante, já pensava que o professor não deveria se limitar ao material didático: “Sempre achei que deveria oferecer algo mais. Meu papel como professor é muito mais do que falar somente o que está no livro texto.”

    NEUROTalks

    Foi no final de 2020 que seu trabalho de divulgação científica começou a ganhar maior projeção, adquirindo também mais constância. “Depois de um ano aprendendo, tateando, comecei a ir mais à fundo, comecei a experimentar mais os recursos do Youtube das lives, testei diferentes formatos de vídeos, aprendi sobre luz, câmera, enquadramento.” Quando já se sentia mais seguro, o professor decidiu lançar, em seu canal do Youtube, o NEUROTalks, um programa de entrevistas em que neurocientistas são convidados a falar sobre suas especialidades. No primeiro episódio, cujo tema foi “Como funciona o cérebro do racista“, Andrei conversou com Mychael Lourenço, professor da UFRJ, e Aléxia Micaella, mestranda da UFSC.

    Com cerca de 1h30min de duração, os vídeos do NEUROTalks logo fizeram sucesso, contrariando a lógica das redes, onde geralmente impera o imediatismo dos vídeos cada vez mais breves. Os títulos despertavam a atenção e curiosidade do público: “Exercício físico auxilia a memória e previne Alzheimer“, “Estudar música pode te deixar mais inteligente?“, “Qual é o segredo da criatividade?“. No 25º episódio, Andrei entrevistou Roberto Lent, um de seus primeiros professores da UFRJ e orientador de iniciação científica na graduação. Com o tema “O cérebro aprende porque esquece“, esse foi um dos episódios com o maior número de visualizações (5,3 mil).

    Ao apresentá-lo, Andrei expressou o carinho e admiração que sente pelo ex-professor: “Estou realmente honrado. É um privilégio abrir a segunda temporada do NEUROTalks tendo você como convidado. Um dos motivos pelo qual eu me tornei professor de neurociências e estou aqui fazendo divulgação científica é você, que sempre me incentivou, que sempre foi para mim uma referência nesse assunto.” Colunista do jornal O Globo, Lent também se destaca por seu trabalho de divulgação científica, tanto para adultos quanto para crianças, sendo uma referência na área de ensino e aprendizado. Suas pesquisas já lhe possibilitaram publicar diversos livros, entre os quais Cem bilhões de neurônios? Conceitos fundamentais de neurociências e O cérebro aprendiz – neuroplasticidade e educação.

    Outros episódios do NEUROTalks, com pesquisadores menos conhecidos, também alcançaram um público amplo: “Por que 12 semanas para o aborto?” (5,5 mil visualizações), “Ansioso ou deprimido? O canabidiol chegou para nos salvar” (4,3 mil),  “O que podemos fazer para gerar novos neurônios e envelhecer com boa memória?” (3,7 mil), “Como a meditação pode ajudar com o estresse” (2,8 mil), “Por que estamos tão ansiosos na pandemia?” (1,9 mil). O projeto chamou a atenção da imprensa, que começou a noticiar algumas das edições, como foi o caso do blog Saúde Mental do jornal Folha de S. Paulo: “Projeto NEUROTalks promove debate sobre ansiedade na quarentena nesta quinta” (12/08/2020); “Projeto NeuroTalks promove debate sobre envelhecimento e memória nesta quinta” (15/10/2020); “Projeto NeuroTalks promove debate sobre memória nesta quinta” (19/11/2020).

    Em um post no Instagram, o professor comemorou o sucesso do projeto: “Extremamente FELIZ e HONRADO de ter nosso querido NEUROTalks mais uma vez na Folha de São Paulo! Tive um retorno muito além do que eu esperava. Esse projeto tem como proposta principal aproximar os neurocientistas do público geral e tem sido assim em todas as edições, com muita participação do público – com toda sorte de perguntas. Muito legal! Eu sempre fico exausto no final hahahh mas de um jeito positivo!” Andrei produziu ao todo 29 episódios, sendo o último deles lançado em junho de 2021: “Luz e saúde mental. Como se expor ao sol na hora certa pode ajudar“.

    Divulgação de um dos episódios de podcast do professor Andrei Mayer.

    Após o sucesso do NEUROTalks, Andrei decidiu testar um novo formato de divulgação, e começou a produzir o podcast Culpa do Cérebro, disponível no Spotify. Mantendo o padrão de conteúdos longos – cerca de 1h15min –, dessa vez ele mesmo apresenta um tema específico, sem a participação de convidados. Em 29 de julho de 2021, lançou o primeiro episódio: “3 estratégias simples para melhorar sua concentração disposição e aprendizado“. No Youtube, onde o conteúdo também é divulgado, o vídeo já registrou 123 mil visualizações. Até abril de 2022, foram lançados 19 episódios, sempre com números expressivos de visualizações. Entre eles, destacam-se: “Como fazer jejum de dopamina para vencer vícios” (600 mil), “7 estratégias para aumentar (muito) sua dopamina e motivação” (212 mil), “5 passos para acordar mais cedo e mais disposto” (170 mil).

    Para se aproximar de seus leitores, ouvintes e telespectadores, o professor criou um canal no Telegram, que tem hoje cerca de 5 mil inscritos. Nessa rede social, o professor divulga as lives e eventos dos quais participa, cursos que oferece, roteiros dos episódios de podcast, referências bibliográficas do conteúdo de suas postagens no Instagram.

    Canal na rede social Telegram do professor Andrei Mayer.

    Sala de aula

    Desde o primeiro semestre de 2021, Andrei passou a ofertar, no PPGNeuro, a disciplina “Divulgação Científica em Ciências Biomédicas”. Seu objetivo é mostrar para os alunos o alcance que a informação científica pode ter, quando colocada em contextos do cotidiano. “Devemos produzir conteúdos que vão agregar, que vão resolver os problemas das pessoas. É importante usar essa estratégia para divulgar ciência, porque isso tem um potencial grande de engajamento. Essa é uma das coisas que mais trabalho nessa disciplina, mostro aos alunos que eles precisam perder os bloqueios, mudar o linguajar, se colocar no lugar de quem está lendo, imaginar o público-alvo, entender que não é qualquer coisa que vai fazer a pessoa ler e compartilhar um texto. O título, por exemplo, faz muita diferença, tem que ser atrativo. Mas sempre mantendo o compromisso científico.”

    Uma das preocupações do professor é combater a desinformação: “É muito conteúdo chegando nas pessoas a todo momento, pelo Instagram, WhatsApp, Youtube, televisão, jornal… Tem muita gente falando sem ter propriedade para falar, sem conhecimento para falar. Por isso também temos que estar mais presentes. Se nós, pesquisadores, não nos posicionarmos, só vai ter essas pessoas falando. Eu comecei a me posicionar mais. E o fato de eu ser professor da universidade me dá credibilidade. Por isso temos que nos colocar como uma referência para a população.” Tanto em suas aulas, quanto nas redes sociais, ele incentiva seus alunos e seguidores a combaterem a desinformação: “Cansa corrigir tanta desinformação. Mas podemos transformar as pessoas em ativistas contra a desinformação.”

    Professor Andrei Mayer preparando uma postagem para sua página no Instagram.

    Além dessa disciplina, Andrei considera que seu trabalho como divulgador de ciência também vem agregando a seu papel como professor nas demais disciplinas que leciona: “Essa minha atuação nas redes influenciou de forma muito positiva minha relação com os alunos. Eles começaram a se mostrar muito mais interessados, passaram a fazer perguntas sobre coisas que vão além do conteúdo da aula. Muito do que falo no Instagram, infelizmente, não faz parte da ementa dos cursos. Mas os alunos me seguem e aprendem. E durante as aulas, passaram a me dar muito mais atenção. Isso transformou minhas aulas. Por isso, quando tiver oportunidade, vou tentar convencer outros professores a fazerem o mesmo. Vejo muitos professores frustrados, reclamando que os alunos não prestam atenção, não têm interesse. Mas acho que se fizessem divulgação científica, de forma acessível e interessante, ficaria mais fácil contextualizar o conteúdo que damos em sala de aula, faria mais sentido e seria mais prazeroso.”

    Como exemplo, ele cita um de seus posts que mais fizeram sucesso no Instagram: “Dormiu mal? 4 estratégias para amenizar os sintomas da falta de sono!”: “Isso rendeu muito, porque é algo super aplicável. Muita gente dorme mal, ou pelo menos um dia dormiu mal.” Na sua avaliação, todas as pesquisas podem ser traduzidas para uma linguagem mais acessível: “Sempre dá para traduzir, se você entender os dados. Meu papel como divulgador é como o de um tradutor. Tenho um entendimento sobre o trabalho mais profundo do que um leigo, porque tenho formação científica. Com esse conhecimento prévio sobre o assunto, consigo pegar os dados, mastigar, traduzir.”

    Página no Instagram do professor Andrei Mayer.

    O potencial da divulgação científica

    Apesar de todo o esforço que o trabalho de divulgação científica demanda, Andrei afirma sentir-se muito realizado: “De modo geral, sempre gostei muito de me comunicar com as pessoas. Eu gosto de conversar, de explicar, de ver que a pessoa aprendeu, assim como gosto muito de aprender, de ouvir. Gosto muito desse processo, dessa troca. Sem contar que tenho uma grande paixão por ciência e neurociências. Acho magnífico falar desse assunto com qualquer pessoa, seja leigo ou não.”

    Para o professor, traduzir pesquisas científicas das mais diversas áreas para uma linguagem didática e coloquial é fundamental para manter a população bem-informada: “Divulgação científica é uma forma de ensinar, é uma forma de munir as pessoas com conhecimento. O conhecimento científico, por sua natureza, é muito aplicável, uma vez que é alcançado por meio de experimentação e leva em consideração limitantes e controles. Faz muita diferença uma população informada com conhecimento científico, sabendo de onde vem aquele conhecimento e do potencial dele.”

    Por isso, Andrei defende que deveria haver muito mais incentivo, dentro da academia, para esse tipo de atividade: “A divulgação científica tem um excelente custo-benefício. Se fizermos uma avaliação do que fazemos na universidade, acho que os recursos são mal aplicados. Tínhamos que ter muito mais recursos para a divulgação científica. Hoje isso está muito claro para mim. Falta criarmos o hábito de divulgarmos o que fazemos rotineiramente. E isso pode ser muito fascinante, porque podemos realmente mudar a vida das pessoas. Precisamos entender que só assim vamos conseguir mudar a percepção da população sobre ciência e sobre a importância da universidade.”

    O trabalho de divulgação científica do professor Andrei Mayer está disponível nos seguintes links:

    Canal do Youtube A Culpa é do Cérebro

    Podcast A Culpa é do Cérebro

    Página no Instagram

    Daniela Caniçali/Jornalista da Agecom/UFSC

     

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