Rádio França Internacional – RFI
A candidata do partido Reunião Nacional, Marine Le Pen, uma das favoritas ao segundo turno da eleição presidencial francesa, voltou a defender, nesta quinta-feira (7), a proibição do véu muçulmano nos espaços públicos. Ela afirmou que, se eleita, vai instituir uma multa para as mulheres que usarem o acessório. “Vamos criar uma contravenção, similar àquela cobrada por não colocar o cinto de segurança”, comparou a candidata, em entrevista à rádio francesa RTL.
Marine Le Pen apresentou, em janeiro de 2021, seu projeto de luta contra a “ideologia islâmica”, que ela considera “totalitária” e que estaria “por toda parte.” A candidata de extrema direita espera, segundo suas próprias palavras, banir o islamismo de “todas as esferas da sociedade”, começando pelo véu muçulmano.
O texto apresentado durante a campanha pelo partido Reunião Nacional proíbe a “prática, a manifestação e a difusão pública” no cinema, na imprensa e nas escolas da “ideologia islâmica.”
O eurodeputado do partido de Le Pen, Jean-Paul Garraud, apontado como seu futuro ministro da Justiça, disse que “a proposta não pode ser considerada como um ataque à “liberdade de consciência.” Ao ser questionado sobre a constitucionalidade do texto, ele declarou que seria necessário inserir novos dispositivos legais, antes de “autocensurá-lo por ‘medo’ do Conselho Constitucional”, instituição francesa que assegura o respeito à Constituição do país.
Radical, mas com fama de “simpática”
O primeiro turno da eleição francesa acontece neste domingo (10). O presidente francês, Emmanuel Macron, que tenta sua reeleição, e a candidata da extrema direita estão praticamente empatados. Uma nova pesquisa, publicada nesta quinta-feira pelo instituto Opinionway-Kéa Partners, mostrou que Macron teria 26% dos votos, contra 22% para Marine Le Pen. No segundo turno, o chefe de Estado venceria com 53%.
Marine Le Pen, de 53 anos, perdeu em 2017 no segundo turno para Emmanuel Macron, com 33,9% de votos. No final de março, ela disse que nunca esteve tão perto da vitória. Advogada de formação, ela tem adotado a estratégia de romper com a imagem extremista de seu partido, apesar do programa de governo radical. Seu partido defende, por exemplo, medidas, como a chamada “preferência nacional”: o acesso ao emprego, à moradia e às ajudas sociais serão reservadas aos franceses ou estrangeiros que já possuam a nacionalidade.
Mas, diante do candidato Éric Zemmour, a candidata de extrema direita parece moderada aos olhos dos eleitores menos atentos. Suas medidas incluem propostas explicitamente xenófobas. Ele já defendeu na TV, por exemplo, que estrangeiros que obtiveram a cidadania sejam obrigados a batizar seus filhos com nomes franceses.
A candidata de Reunião Nacional tem, dessa forma, aproveitado do radicalismo de seu concorrente para amenizar sua imagem associada ao extremismo de direita, e é até mesmo considerada “simpática” por uma parte da população que não compactua com suas ideias. O objetivo é deixar para trás o acalorado debate tête-à-tête com Macron de 2017, que derrubou suas chances de ser eleita. Na época ela foi criticada por sua “agressividade” e “sua falta de preparo”.
(RFI e AFP)