Por Roberto Liebgott.
Acompanhando, ouvindo e percebendo as expectativas das universitárias e dos universitários indígenas se pode afirmar que eles se movimentam pela defesa de direitos, mas não simplesmente por uma casa, por um espaço físico. Eles exigem respeito e compromisso com as diferenças étnicas e culturais, com os modos de ser e viver dos povos e de seus sistemas educacionais.
Suas ações e mobilizações visam:
• retomar as universidades como partes, ou parcelas de seus territórios;
• demarcar as universidades como lugar de encontros pluriculturais e multiétnicos;
• reterritorializar a academia, dando a ela rostos indígenas, negros, populares;
• reculturalizar para romper com as práticas eurocêntricas, capitalistas de dominação dos saberes;
• desracializar os espaços acadêmicos dominados por gestores, professores e alunos brancos;
• feminizar, dar à academia, aos conhecimentos e às pesquisas a força intelectual das mulheres e meninas;
• desmasculinizar, romper com o excessivo poder masculino e machista nos ambientes universitários;
• descolonizar a academia e as sociedades, expondo-a às culturas, às crenças, às ancestralidades, às pinturas e texturas dos universos indígenas.
As mobilizações das e dos estudantes pretendem ressignificar as relações, as culturas e os ambientes por dentro e por fora das universidades. Este é o verdadeiro sentido dessa luta intensa, engajada e espiritualizada.
Ocupação! A história da luta pela Casa do Estudante Indígena na URGS. Por uma educação universitária plural e multicultural! pic.twitter.com/Oy7yhkaPPo
— Portal Desacato (@portaldesacato) March 30, 2022