O verão adormeceria e hibernaria para acordar em dezembro, quando as flores da primavera teriam encantado toda a terra.
Agora seriam dias de outono, ele prevaleceria despindo as árvores, carregando as folhas através de ventos cheios de frescor.
Era o momento do descanso da natureza, mas como, se o clima entrou em ebulição, os ciclos dispersaram-se sem completar a rotação?
Inverno, verão e primavera misturam-se deixando o outono confuso, desnorteando os pássaros, as flores, as abelhas e todos os seres perdem-se pelo tempo, andam em círculos e esgotam as suas potencialidades.
O planeta de nossa mãe Terra ainda gira, mas as estações foram desconectadas do eixo, já que os humanos consomem as fontes de energia, queimam as florestas, contaminam as águas, poluem o ar e fragilizam todas as vidas, deixando-as na berlinda.
Cadê o outono? Talvez não mais o tenhamos, talvez nem haverão estações do ano, apenas dias cansativos, escaldantes, secos ou excessivamente chuvosos. Talvez tenha se iniciado uma nova era, da normalização dos desastres que nos conduzirão ao abismo definitivo.
Roberto Antônio Liebgott é Missionário do Conselho Indigenista Missionário/CIMI. Formado em Filosofia e Direito.
