O bruto medalhado está

Foto: Isac Nóbrega/PR

O bruto medalhado está, não pelo mérito de fazer o bem, mas pelo demérito de nunca ter realizado um gesto sequer de generosidade.

O bruto medalhado está, por agir com desprezo e debochar da existência dos povos indígenas.

O bruto medalhado está, porque é repugnante, suas palavras são sórdidas, suas atitudes hostis, e seu hálito exala enxofre.

O bruto medalhado está, porque os servis ao seu lado pisoteiam nos protocolos, manipulam as informações, atuam como marionetes da tirania.

O bruto medalhado está, porque prefere sombras ao invés de luzes, destruição ao invés da construção, a morte ao invés de cultivar vida.

O bruto medalhado está, porque fomenta o ódio, dissemina a intolerância, relativiza o modo de ser e viver dos povos e comunidades tradicionais.

O bruto medalhado está, porque é um desumanizado, um abjeto, um ente a serviço do eco, etno e genocídio.

O bruto medalhado está, porque, em geral, quando dadas por órgãos de governo, as medalhas destinam-se aos desprezíveis da história, aos que caçavam, escravizavam, torturavam outros humanos.

O bruto medalhado está, pela sua crueldade. E não há respeito, nem honraria ou dignidade nessa cerimônia, porque desdenha dos valores mais profundos: justiça, liberdade, fraternidade, solidariedade e o amor.

Por Roberto Liebgott.

Roberto Antônio Liebgott é Missionário do Conselho Indigenista Missionário/CIMI. Formado em Filosofia e Direito.

A opinião do/a/s autor/a/s não necessariamente representa a opinião de Desacato.info.

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