Olá, leitores do portal desacato e ouvintes do JTT,
Hoje em nossa coluna de saúde com protagonismo, quero conversar com vocês sobre as crianças.
Apesar de parecer estranho, crianças também podem sofre com dor persistente.
A dor é uma forma de expressar e comunicar que algo está errado conosco, e as crianças também aprendem a pedir ajuda avisando que estão com dor.
Infelizmente, muita gente pensa que se a criança queixa-se de dor é por que ela quer atenção, não deve ser grave…. Afinal de contas quando ela está com os amigos ou distraída com um joguinho no celular ela não reclama.
Aí é que a gente se engana, e é sobre isso que quero conversar hoje.
Quando a criança comunica que está com dor, ela está buscando ajuda. Assim como você comunica seus familiares e agenda a sua consulta com o médico ou fisioterapeuta. A criança depende do adulto para ir a uma consulta médica.
O problema é que quando o médico investiga, faz um monte de exames de sangue, de imagem, radiografias, tomografia computadoriza, ressonância magnética,…. Mas não encontra nada que justifique essa dor. Pois é, isso acontece com adultos e com crianças.
Já conversamos outras vezes sobre a ausência (e frustração) da “dor não aparecer em nenhum exame”.
Por não aparecer em exame, as pessoas voltam a classificar “aquela criança” como dengosa, poli-queixosa, que quer atenção. A busca pelo diagnóstico de dor crônica pode levar anos no adulto, agora imagina a dificuldade e a tristeza de crescer com dor, sem ter auxílio dos adultos.
Como a dor persistente é de difícil diagnóstico, e na criança e no adolescente ela pode ser utilizada para comunicar inclusive situações de diferentes tipos de abuso (psicológico, físico e até sexual). A investigação da dor na criança e no adolescente torna fundamental a presença de um psicólogo. Uma pessoa neutra, sem relação afetiva com a criança ou o adolescente, um profissional que tem tempo para escutar e ficar em silêncio com a criança, observar seus medos e formas de enfrentamento, … o psicólogo é fundamental para ajudar a investigar a dor crônica na criança e no adolescente.
O processo de diagnóstico pode ser longo mesmo. Mas mesmo enquanto estamos investigando, nós como mãe, pais, responsáveis temos como ajudar a criança a ter menos dor. Acolher, entender e acreditar sem julgar.
As crianças e os adolescentes são considerados vulneráveis e cabe a nós cuidar e zelar por eles. O assunto da dor na criança é tão complicado que fizemos um gibi para explicar a dor para as crianças, e claro, para os adultos. Você pode escrever no google. “Uma jornada para entender a dor” ou ir ao site pesquisaemdor.com.br para baixar gratuitamente o material.
De forma resumida, é a história de um garotinho que tem dor e com a ajuda de uma amiga para entender por que dói? E de certa forma para entender por que não dói quando ele está jogando videogame? E por que a dor aumenta em situações de estresse.
Particularmente, eu gosto muito da personagem da mãe do menino com dor. Ela fica indignada que ele se queixa de dor, mas consegue ficar jogando videogame…. Como poderia isso? Pois é, pode mesmo, e o mais legal é que a história ajuda a mãe a entender o poder da distração na modulação e percepção da dor.
Cada pessoa tem o seu jeitinho de aliviar a dor, ou sabe que algumas distrações são poderosas.
No processo de busca de um diagnóstico da dor da criança, ajude-a a ter momentos com menos dor, descubra com ela o que a distrai, faz bem e faz até esquecer por algum momento a sensação de dor.
Hoje o assunto foi pesado. Mas lembre-se que mais pesado é viver com dor e ser desacreditado por aqueles que amamos e temos como referencia para nos ajudar.
Juliana Barcellos de Souza
Assista à coluna completa abaixo: