Chuva torrencial, como se fosse toda despejada lá, num mesmo lugar, sobre as encostas de morros – as mesmas agredidas por outros temporais.
Casas e barracos agarravam-se a elas e dentro estavam pessoas, em geral pobres, que encontraram naquele ambiente a última alternativa de ter onde morar. De dia e durante a noite as horas são de angústia, as vidas, ali entre as paredes, ficam na dependencia do volume das águas que cairão do céu.
E quando elas caem, o sonho se esvai, tudo se perde, o luto penetra as almas, gritos, choros, lágrimas e lamentos diante da devastação, da destruição e dos corpos soterrados.
Do outro lado da cidade, nos palácios da governança, as autoridades, que subsistem do lazer e beneces públicas, tornam-se inabaláveis, nada as sensibilizam e, não fossem os noticiários e as redes sociais, sequer agiriam.
As vítimas das encostas contam, em meio a tragédia, com gestos de amor e solidariedade de bombeiros, brigadistas e de incontáveis homens e mulheres, que não do poder público, porque estes, quando mostram as faces, as vinculam aos interesses políticos.
Petrópolis nos faz pensar e nos alerta sobre as injustiças contra aqueles que deveriam ser, por primeiro, protegidos, acolhidos e respeitados,
mas que continuam lá, sob os escombros.
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Roberto Antônio Liebgott é Missionário do Conselho Indigenista Missionário/CIMI. Formado em Filosofia e Direito.
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