Vídeo e novas testemunhas mudam rumo da investigação de caso do congolês Moïse

Veja aqui o que se sabe até o momento sobre o assassinato de Moïse Mugenyi ocorrido no quiosque Tropicália, na Barra da Tijuca

Moïse Kabagambe. Foto: Reprodução

O congolês Moïse Mugenyi foi, na segunda-feira (24), cobrar duas diárias no quiosque Tropicália, que fica próximo ao Posto 8, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. Ele prestava serviços de ajudante de cozinha no local. A informação é da sua família.

Logo após ele chegar ao local, surgiram três homens, um deles com um taco de beisebol nas mãos, que o cercaram, o jogaram no chão e desferiram, pelo menos, 26 pauladas em Moïse, que continuou apanhando mesmo desacordado. As imagens podem ser vistas nas câmeras de segurança do quiosque. Veja abaixo:

Moïse foi encontrado morto, no chão, com as mãos e pés amarrados. De acordo com laudo do IML (Instituto Médico Legal), ele morreu em decorrência de traumatismos no tórax, com contusão pulmonar causada por ação contundente. O laudo diz ainda que os pulmões apresentavam áreas hemorrágicas de contusão e também vestígios de broncoaspiração de sangue.

Três presos

Os três homens foram identificados e presos pela Polícia Civil do Rio de Janeiro. Somente dois deles tiveram os nomes revelados pela polícia —Fábio Silva, que é vendedor de caipirinhas e foi detido em Paciência, na zona oeste do Rio, na casa de parentes, e Alisson Cristiano Fonseca, que se entregou mais cedo e disse que não tinha a intenção de matar.

Dono diz que não conhece agressores e nega dívida

Mais de oito pessoas já prestaram depoimento à DH (Delegacia de Homicídios da Capital). Um dos ouvidos foi o dono do quiosque, que não teve a identidade revelada. Ele negou envolvimento no crime e disse que estava em casa no momento da agressão que resultou na morte de Moïse.

Os advogados de defesa do dono afirmaram que os homens que aparecem nas imagens não são funcionários do Tropicália. O dono do quiosque disse que não conhece os agressores. Ele negou ainda que devesse diárias a Moïse.

Preso diz que congolês tentou agredir funcionário

Alisson afirmou que o congolês tentou agredir o funcionário do quiosque e os três intercederam para evitar. As imagens de segurança, no entanto, mostram apenas o espancamento, que continua até mesmo com a vítima caída no chão.

As imagens mostram 20 minutos de agressões. O episódio aconteceu enquanto o quiosque operava normalmente, com um atendente no balcão. O funcionário disse que não chamou a polícia porque estava sem celular.

Moïse recebeu pelo menos 26 pauladas, 11 agressões enquanto ele ainda estava em luta corporal e mais 15 quando já estava caído no chão. Após o espancamento, os agressores tentaram reanimar a vítima, sem sucesso. Um deles molhou os pulsos e o pescoço do congolês, que não reagiu.

A ocorrência foi identificada apenas após uma viatura policial em patrulhamento avistar uma ambulância do Samu no quiosque. A PM informou que não foi acionada.

Ameaça de morte

De acordo com relatório da PM, um funcionário do quiosque contou que Moïsel foi perseguido pela praia e agredido por dois e não três homens. As imagens contradizem a versão do funcionário. Quando começou a ser agredido, Moïse já estava no quiosque discutindo com o funcionário.

Mamu Idumba Edou, 49, tio de Moïse, disse à Folha S.Paulo que um colega do sobrinho que estava no local foi ameaçado de morte, caso falasse sobre o caso. Ele então fugiu e avisou a família do amigo que Moïse estava morto na praia.

Licenças suspensas

A concessionária Orla Rio é a responsável pela administração dos quiosques, que são terceirizados. As licenças do Tropicália e do quiosque ao lado foram suspensas até o esclarecimento dos fatos:

“A concessionária esclarece que aguarda o resultado da investigação policial para tomar qualquer medida que se faça necessária junto aos mesmos. Caso um dos operadores seja legalmente considerado culpado pelo crime, a Orla Rio informa que vai rescindir unilateralmente o contrato que tem com ele, com a consequente retomada de posse do quiosque, bem como o ingresso de ação judicial própria para reparação das perdas e danos”, afirmou a concessionária em nota.

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