Por Tiago Pereira, da RBA.
São Paulo – O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, afirmou nesta segunda-feira (24) que é “perigoso” afirmar que estamos perto do fim da pandemia. Ou que a variante ômicron seja a última. Ele presumiu que a covid-19 “não vai desaparecer tão cedo”. E que é preciso aprender a “administrá-la”. Contudo, destacou que a doença continua matando. Só na última semana, em todo o mundo, mais de 55 mil pessoas morreram, de acordo com os registros oficiais. O que equivale a uma morte registrada a cada 12 segundos, ou cinco por minuto. Nesse período, as autoridades de saúde registraram, globalmente, 100 novos casos de covid a cada três segundos.
“Aprender a conviver com a covid não significa lhe dar liberdade total. Não pode significar aceitar as atuais 50 mil mortes por semana por uma doença que é previsível e tratável”, disse Tedros.
Além disso, dada a distribuição desigual de vacinas pelo planeta, o diretor da OMS alertou que “as condições são ótimas para que surjam novas variantes”. Nesse sentido, a entidade ressaltou que metade dos países não alcançaram o objetivo de chegar a 40% da população vacinada no final de 2021.
Durante reunião do Comitê Executivo da OMS, Tedros lembrou que no próximo dia 30 completam dois anos que a organização declarou emergência internacional em função da disseminação do novo coronavírus. “Dois anos depois, quase 350 milhões de casos e mais de 5,5 milhões de mortes foram relatados, números que sabemos serem conservadores”, enfatizou.
Subvariante
Mais de 40 países, da Inglaterra à Índia, da Suécia a Cingapura, já identificaram uma subvariante da ômicron. Intitulada BA.2. Os primeiros casos foram descobertos ainda no final de dezembro. De acordo com a agência britânica de segurança sanitária (UKHSA, na sigla em inglês), a BA.2 foi classificada como “variante de monitoramento”. Apesar de não ter sido ainda classificada como “variante de preocupação”, os cientistas estão em alerta.
O que chama a atenção dos pesquisadores é a rapidez com que a subvariante se instalou na Dinamarca. O país nórdico já registrou mais de 6.400 casos da BA.2. Por outro lado, órgão de vigilância dinamarquês disse que não identificou diferenças significativas nas internações causadas por essa sublinhagem. O risco, no entanto, é que infectados pela BA.1 (a cepa original da ômicron) não esteja imunes à subvariante.
A neurocientista e coordenadora da Rede Análise Covid-19 Mellanie Fontes-Dutra destaca que a BA.2 está predominando em países como Reino Unido, Alemanha e Índia. Mas não se trata de uma “nova variante”, pois já está em circulação desde o ano passado.
A boa notícia é que estudos preliminares indicam que a subvariante teria menor escape vacinal do que a irmã BA.1. O mais importante, disse ela pelo Twitter, é que os “cuidados para evitar exposição e vacinas seguem sendo efetivos na proteção”. Nesse sentido, o foco do combate à pandemia deve ser a ômicron, independentemente das suas sublinhagens.
Covid no Brasil hoje
Com o predomínio da ômicron, o Brasil registrou mais 83.340 novas infecções em 24 horas. Assim, a média móvel de diagnósticos diários avançou para 150.401 nos últimos sete dias, com novo recorde. Os dados são fornecidos pelo boletim diário do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).
No mesmo período, 259 pessoas morreram pela covid-19, de acordo com os dados oficiais. Como resultado, são, ao todo, 623.356 as vítimas da doença, desde o início da pandemia no país, em março de 2020. Com 313 óbitos na média móvel, o país registra o maior índice desde o fim de outubro.