Líder das milícias do Rio celebra chacina do Salgueiro em rede social

247 – Um líder das milícias do Rio de Janeiro, o cabo da PM Ronny Pessanha de Oliveira, que está preso desde 8 de dezembro de 2020, comemorou nas redes sociais a chacina do Complexo do Salgueiro e deu a entender que as milícias  participaram do crime. “Fizemos uma baguncinha no Salgueiro”, publicou o cabo preso no Facebook, com a imagem de uma caveira, supostamente em alusão ao Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope).

A sequência dos comentários dá a impressão de ser uma roda de conversa da milícia. Entre os comentários, estão frases como “Essa baguncinha aí foi de verdade”, “Em breve, vai superar a Core no Jacarezinho” e “Os caras da Civil são melhores de mira”. Nesse último, o perfil atribuído a Pessanha respondeu: “Calma! O dia ainda não acabou”.

A Polícia Militar abriu uma investigação para apurar as postagens do cabo Oliveira. A chacina do Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, deixou até o momento um rastro de nove mortos com marcas de tortura nos corpos. As vítimas foram retiradas de um mangue por moradores do complexo.

Em outras publicações do cabo, pessoas também comentam: “Só acho que tinha que fazer uma faxina em Belford Roxo, os moradores da Vila Pauline iam amar” e “Só no aguardo de vocês baterem o recorde da Polícia Civil. O perfil atribuído a Pessanha respondeu: “Eu contei 23, mas podemos melhorar”. Em outra postagem, ele é chamado de “malvadão” por um internauta, segundo O Globo.

De acordo com a reportagem, em nota, a Polícia Militar informou que o cabo Ronny Pessanha de Oliveira está preso por força de um mandado de prisão expedido pela Justiça comum. “A 4a Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM) realizou revista em sua cela e nenhum aparelho celular foi encontrado. O fato foi submetido à Comissão Técnica de Classificação, procedimento próprio de unidades prisionais”, afirmou a PM.

Moradores do Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo (RJ), que retiraram nesta segunda-feira (22) nove corpos de um manguezal no bairro das Palmeiras, acusam a Polícia Militar de promover uma chacina. Um morador do bairro afirmou ao jornal Extra que “tinham pais de família” entre as vítimas, mas que supostos criminosos também estão entre os mortos.

“Muitas pessoas estão desfiguradas. Se eles tivessem a intenção de prender, não teriam feito isso. Quem correu se salvou. Essas mortes aconteceram de ontem para hoje. (Os policiais militares) passaram de sábado para domingo e ontem durante o dia eles saíram e voltaram. Se fosse troca de tiros, os jovens não estariam assim. Eles fizeram uma chacina. Resgatamos os corpos e não achamos nenhuma arma. Morreu um PM em um dia e no outro eles fizeram uma chacina, afirmou o morador que não teve o nome identificado.

Um leiturista de 45 anos, e que mora há 25 anos na favela, diz que “a morte de um policial militar gerou essa operação mal sucedida”. “Vieram de qualquer maneira e o resultado é esse. Eles deram tiro para todos os lados e chefes de família ficaram em risco. E o resultado é esse: nove corpos e muitos outros que podem estar no mangue — diz o homem que reclama da falta de estrutura básica da região. — Não existe segurança pública no Rio. Eles tratam a gente com a morte. Aqui não tem nada. O estado não dá condições para a gente sobreviver. Nós somos manipulados pelo governo e eles fazem isso com a gente”, afirmou.

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