Brasil tem a 4ª maior taxa de desemprego em ranking com 44 países

Apesar da queda do desemprego nos últimos meses, recuperação do mercado de trabalho vem se dando com vagas de baixa qualidade, com poucas horas de trabalho e queda recorde no rendimento médio da população ocupada

Foto: JOEDSON ALVES/ESTADÃO CONTEÚDO/

Do Portal Vermelho.

Sob o governo Jair Bolsonaro e a pandemia de Covid-19, o Brasil registra uma das piores taxas de desemprego do mundo. É o que aponta ranking da agência de classificação de risco Austin Rating, que reúne dados de mais de 40 países que já divulgaram índices oficiais no terceiro trimestre

Nessa lista, a taxa do Brasil tem mostrado tendência de queda, mas é a quarta maior. Conforme o levantamento, o desemprego no País é mais que o dobro da taxa média global e também o pior entre os integrantes do G20 (grupo que reúne os 19 países mais ricos do mundo e a União Europeia) que já divulgaram números relativos a agosto ou setembro.

A taxa no Brasil caiu para 13,2% no trimestre encerrado em agosto, atingindo 13,7 milhões de trabalhadores, segundo a última pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Antes da chegada da pandemia de Covid-19, o índice estava abaixo de 12%, saltando para 14,7% no primeiroº trimestre de 2021.

De acordo com o ranking, apenas Costa Rica, Espanha e Grécia registraram em agosto uma taxa de desemprego maior que a do Brasil. Já dos países que compõem o G20, apenas três ainda não divulgaram números oficiais de desemprego no terceiro trimestre: África do Sul, Arábia Saudita e Argentina.

No conjunto de países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a taxa de desemprego caiu para 5,8% em setembro, e agora está 0,5 ponto percentual acima do patamar pré-pandemia, de fevereiro do ano passado (5,3%). Na zona do euro, a taxa ficou em 7,4% em setembro, retornado ao patamar pré-pandemia. Nos EUA, o desemprego recuou para 4,8%, ante 5,2% em agosto.

“É uma fotografia clara de quanto o Brasil está perdendo na geração de emprego. Entre esses 44 países estão concorrentes diretos e outros emergentes como Cingapura, Coreia e México. Nestes países, a taxa de desemprego chega a 4%, 5%, no máximo”, afirma o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini. Segundo ele, o baixo crescimento é uma das causas da taxa brasileira elevada.

Ele ressalta que a recuperação do mercado de trabalho tem sido freada pela deterioração das expectativas, sobretudo em relação à inflação e ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022. “Em 2021, se esperava uma retomada e uma perspectiva melhor, mas o que a gente vê é que, infelizmente, o Brasil cresce numa média muito menor que a dos países emergentes e também da média global”, afirma.

Levantamento anterior da Austin Rating, com base em dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), mostrou que o Brasil teve a 21ª pior taxa de desemprego do mundo em 2020, em ranking com 111 países. A taxa média de desemprego do Brasil no ano passado foi de 13,5%, a maior da série iniciada em 2012. Em 2019, foi de 11,9%.

O FMI projeta uma taxa média de 13,8% em 2021, o que faria o País terminar o ano com o 14º pior desemprego do mundo. Mas, com a desaceleração da economia nacional, a posição do Brasil no ranking global pode piorar ainda mais. “O Brasil deve crescer menos do que as expectativas e tem economistas falando até em recessão em 2022, o que pode piorar a posição do Brasil no ranking de desemprego”, conclui Agostini.

Entraves

Apesar da queda do desemprego nos últimos meses, a recuperação do mercado de trabalho vem se dando com vagas de baixa qualidade, com poucas horas de trabalho e queda recorde no rendimento médio da população ocupada. A taxa de desemprego também tem sido pressionada por um número maior de pessoas que estavam em situação de desalento ou fora do mercado de trabalho, e que passaram a procurar uma oportunidade de emprego, em meio à reabertura da economia e términos dos programas de auxílio governamental lançados durante a pandemia.

A abertura de postos formais no país desacelerou em setembro em relação a agosto, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Uma recuperação mais forte do mercado de trabalho continua dependendo de uma retomada sustentada da retomada e maior otimismo dos empregadores.

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