As nove mulheres premiadas no Prêmio Mulheres na Ciência 2021, iniciativa da Pró-reitoria de Pesquisa da Universidade Federal de Santa Catarina (Propesq/UFSC), participaram, nesta sexta-feira, de uma mesa de debates na qual puderam narrar parte das suas experiências como pesquisadoras. O evento fez parte da programação da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia e antecede a cerimônia formal de premiação, que será realizada no dia 11 de fevereiro, o dia internacional das mulheres e meninas nas ciências.
O evento foi conduzido pela professora Maique Weber Biavatti, da Superintendência de Projetos da Propesq, e também teve a participação do reitor da UFSC, Ubaldo Cezar Balthazar, que parabenizou a excelência dos trabalhos desenvolvidos pelas pesquisadoras. “Quero parabenizá-las e que continuem sendo esse exemplo de mulheres cientistas”, disse.
A presidente da Comissão de Equidade da UFSC, professora Miriam Grossi, abriu a solenidade e fez um balanço dos trabalhos da comissão, que está prestes a completar um ano e que encaminha ações institucionais relacionadas à questões de gênero na universidade. Ela também lembrou que uma mulher em um lugar de poder pode mudar radicalmente o mundo e agradeceu a professora Maique por inserir esse debate institucionalmente.
Todas as nove premiadas, nas categorias júnior, plena e sênior, nas áreas de Ciências Humanas, Ciências da Vida e Ciências Exatas e da Terra puderam falar brevemente sobre suas trajetórias e desafios na construção das carreiras. Muitas delas egressas da UFSC, as cientistas também salientaram seu compromisso com a universidade, com a formação dos seus alunos e com o exemplo e a representatividade para outras mulheres.
O Prêmio Mulheres na Ciência 2021 foi criado com o objetivo de homenagear mulheres cientistas e incentivar a participação feminina de forma igualitária na pesquisa acadêmica.
Assista ao evento
Dedicação e exemplo
Christiane Fernandes Horn, do Departamento de Química, premiada na categoria júnior, fez uma comparação da Química com o papel da mulher na academia, na vida cotidiana e no mundo. “Somos as catalisadoras de novas reações e tal como os catalisadores, as lutas não nos degradam, mas nos preparam para novos desafios”. Já a professora Lucila Maria de Souza Campos, do Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas, vencedora na categoria plena, lembrou das mulheres que foram referência para a sua formação e celebrou os currículos das premiadas. “Tenho orgulho de, agora, ser parte desse seleto grupo que inicia uma jornada de valorização das mulheres cientistas”.
A professora Regina de Fátima Peralta Muniz Moreira, do Departamento de Engenharia Química e Engenharia de Alimentos, destaque na categoria sênior, falou sobre o seu vínculo com a UFSC e enalteceu o papel da diversidade na instituição, registrando também a importância do prêmio em um ano em que tanto se está precisando de acolhimento e de abraços. “Esse nosso olhar feminino é muito importante. Nós somos tão vibrantes e brilhantes cientistas dentro do mundo que é muito diverso”.
Marília de Nardin Budó, do Departamento de Direito, vencedora na categoria júnior das Ciências Humanas, discursou em favor da universidade, das bolsas de pesquisa e do estímulo à ciência, que vem sofrendo cortes orçamentários milionários. Ela também destacou o papel da diversidade na instituição para uma ciência comprometida. “A cada ano que passa eu vejo a universidade mais plural e inclusiva e esse dado é determinante”, resumiu.
Lugar de afeto
A maternidade e os vínculos afetivos também fizeram parte das falas das professoras. Daniela Karine Ramos, do Departamento de Metodologia de Ensino, premiada na categoria plena, lembrou que, sendo mãe de três filhos, passou por inúmeras necessidades de adaptação durante a pandemia. “O prêmio registra o esforço e o comprometimento com a ciência e com a formação dos nossos alunos. Que a gente possa inspirar a vida de muitos ao longo da nossa atuação”.
Cristina Scheibe Wolff, do Departamento de História, destaque na categoria sênior, disse estar muito honrada e emocionada com o prêmio. Ela, que estuda justamente a história das mulheres e do gênero, não deixou de registrar a importância da família e das colegas – estudantes e amigas. “A ciência é uma construção coletiva e também é ou pode ser afetiva”, disse.
Ione Jayce Ceola Schneider, do Departamento de Ciências da Saúde, Campus Araranguá, destaque na categoria júnior, lembrou das suas orientandas – seis delas já diplomadas como mestras. “Tento sempre acolhê-las, pois muitas têm filhos, trabalham e ficam longe da família para conseguir fazer suas pesquisas”. Este aspecto também fez parte da fala da professora Maria Jose Hotzel, do Departamento de Zootecnia e Desenvolvimento Rural, destaque na categoria plena. “Que isso possa ser um alento e um estímulo para pessoas que a gente sabe que terão dificuldades, como as mulheres, que têm um grau de dificuldade a mais”. Já a professora Ana Lucia Severo Rodrigues, do Departamento de Bioquímica, vencedora na categoria sênior, lembrou que a carreira, mesmo com as dificuldades, tem valido a pena. “Essa carreira nos oferece tanto, como a gratificação em formar pessoas qualificadas e ver as conquistas dos orientandos. Que com nosso exemplo a gente possa inspirar várias mulheres”, registrou.