Pelo menos 85,6% dos professores das escolas estaduais de São Paulo têm medo de contrair a covid-19 com a volta às aulas presenciais. É o que mostra pesquisa realizada pelo Instituto Vox Populi a pedido do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo (Apeoesp). O receio quanto ao risco de infecção também é alto em toda a comunidade escolar. Até 81,8% dos pais e 76,1% dos alunos do ensino médio se disseram inseguros com o retorno.
A volta às aulas presenciais começa em todo o estado nesta segunda-feira (2) com algumas mudanças, como a redução do distanciamento social para um metro e sem limites de estudantes por sala. A repórter Júlia Pereira, da Rádio Brasil Atual, acompanhou o debate virtual de lançamento da pesquisa na sexta-feira (30), em que a presidenta da Apeoesp e deputada estadual Maria Izabel Noronha, a professora Bebel (PT-SP), chamou atenção para as medidas necessárias de retomada mais segura para alunos, professores e suas famílias.
Protocolos inadequados
Apesar da volta às aulas presenciais ter sido iniciada hoje, apenas 25,3% dos professores disseram que o governo deu apoio adequado para o retorno. A assistência também é baixa entre os pais (21%) e alunos (39,7%). O infectologista Hélio Bacha contestou durante o evento a inadequação dos protocolos de segurança para a retomada. “Tanto esse trabalho, como a opinião dos professores, me confirma que isso tem sido feito de uma forma muito desorganizada e sem convencimento, negociação e garantias. Nós temos que ter um consenso de volta às aulas com segurança, com mudança de hábitos e atitudes dentro da sala de aulas”, cobrou.
Evasão
“A condição do abandono é a condição da necessidade de trabalhar. Então ela ainda está associada a um outro problema que vai para além da educação, que é a crise do desemprego e da economia. Os pais falam ou ele (aluno) não tem dinheiro para ter internet em casa e condição para estudar, ou ele precisa trabalhar”, explicou.
Na maioria dos casos, os estudantes não abandonaram as atividades escolares, mas estudaram menos. Em média, as famílias afirmaram que seus filhos estudaram apenas duas horas e meia por dia. Ex-secretário-adjunto da Educação de São Paulo João Palma Cardoso Filho questionou durante a live quais medidas o governo Doria irá tomar para recuperar o ensino e os alunos que abandonaram os estudos.
Segundo ele, “a legislação já fala em busca ativa, mas eu não vejo busca ativa acontecendo aqui no estado de São Paulo. Então muito antes de estar preocupado em introduzir um novo currículo para o ensino médio, uma nova organização do Programa de Ensino Integral (PEI), era ver o que fazer para recuperar o que foi perdido durante 2020”, alertou.