Por Joniel Decol, para Desacato.info.
Devido as secas e estiagens serem fenômenos naturais que vem ocorrendo desde os tempos antigos, muitas vezes, na sociedade em geral, surge a desconfiança sobre a ocorrência ou não desses eventos com maior frequência e intensidade nos tempos atuais.
Nas últimas décadas houveram grandes mudanças, como a evolução da indústria, da tecnologia, o crescimento populacional e também a maneira como as pessoas vivem atualmente são muito diferentes do que era antigamente.
Essas mudanças fizeram com que os seres humanos passagem a interagir de forma mais intensa com o meio ambiente. Essa maior interação vem modificando o meio ambiente rapidamente ao longo dos anos. Podemos citar as mudanças no uso do solo, onde passou a se ter uma maior área para produção agrícola e uma menor área para preservação ambiental. A urbanização, os meios de transportes e uma série de fatores que desencadeiam alterações nos padrões ambientais visíveis antigamente e anteriores a essas mudanças.
Ao ocorrer a poluição do ar e o desmatamento, por exemplo, gradualmente muda também o comportamento do ciclo da água na terra e de como as chuvas se formam e se distribuem ao longo do tempo.
Obviamente as secas e estiagens existem naturalmente e já ocorriam há muito tempo, porém, as alterações humanas sobre o meio ambiente estão aumentando a frequência e também a intensidade da ocorrência desses eventos, fazendo com que retornem mais vezes e com maior força ao longo dos anos.
Observe nas ilustrações os enormes danos e prejuízos gerados por secas e estiagens no Brasil entre 1995 e 2019. As informações são provindas do Relatório de Danos Materiais e Prejuízos Decorrentes de Desastres Naturais no Brasil (2020), elaborado pelo CEPED UFSC e atualizado pela FAPEU, com apoio do Banco Mundial.
Segundo o relatório, entre 1995 e 2019 foram registrados 17.927 eventos de seca e estiagens no Brasil, acumulando R$199 bilhões em prejuízos, sendo R$119 bilhões (60%) na agricultura, R$48 bilhões (24,5%) na pecuária e R$4 bilhões (2%) em serviços. Os prejuízos públicos com água, esgoto e saúde somaram em conjunto R$23 bilhões (11,6%). Os danos materiais comunitários, de infraestrutura e habitação somaram R$390 milhões.
No Gráfico é possível observar como o número de registros aumentaram em frequência entre 1995 e 2019 e também resultando em maiores dados e prejuízos.
O número de registros de secas e estiagem é observado na linha do gráfico. Os danos e prejuízos são apontados pelas barras, em bilhões de reais.
No mapa abaixo é mostrado em azul escuro as regiões do Brasil mais afetadas com danos e prejuízos devido as secas e estiagens. A região oeste de Santa Catarina está entre as regiões mais afetadas do Brasil.
As mudanças climáticas são problemas preocupantes e devemos seguir as diretrizes para que o pior não aconteça nas décadas futuras.
Acesso ao Relatório com dados de secas e estiagens no Brasil: https://ftp.ceped.ufsc.br/danos_e_prejuizos_versao_em_revisao.pdf