No final de 2019 a Unisul (Universidade do Sul de Santa Catarina) foi comprada pelo grupo Ânima Educação, terceiro maior conglomerado educacional do país. Logo após a mudança de gestão, a comunidade universitária começa a sentir as consequências da privatização.
No primeiro semestre de 2020, com o começo da pandemia, os professores da Unisul tiveram que aprender a dar aulas no ensino remoto sem nenhuma transição nem preparação. No final do semestre, o grupo Ânima decide mudar, sem consultar alunos e professores, todos os currículos dos seus cursos de graduação do país.
Junto com a alteração das matrizes curriculares, os cursos perdem o conceito de disciplinas, agora chamadas unidades curriculares, impraticáveis pela quantidade de conteúdo e pela ordem em que estão organizados. Segundo Rodrigo Sartoti, como forma de utilizar a pandemia para capitalizar em cima dos professores e alunos, criaram a “busca ativa”. 40 das 160 horas de atividade das unidades curriculares são reservadas para a busca ativa, o estudo por parte do aluno em sua casa do conteúdo que não é dado em sala de aula. Ou seja, o aluno paga por suas horas de estudo, preparadas pelos professores que não recebem horas extras.
Rodrigo, ex-professor de direito da UniSociesc que no início de 2021 se junta com a Unisul, sofre retaliações do grupo Ânima quando começa a criticar o novo modelo curricular. Deixa de receber respostas de editais e, semana após fazer uma critica salarial, é demitido pelo grupo empresarial. Segundo o próprio grupo Ânima Educação, o motivo da demissão é a critica do professor ao currículo e ao salário.
“Minha demissão está intrinsecamente ligada à ascensão do autoritarismo no Brasil”, diz o professor Rodrigo Sartoti em sua denúncia.
Assista à entrevista: