Bom, não sou muito de escrever sobre dia disso ou daquilo, mas voltando pro trabalho, depois do almoço, pensei que poderia ser uma chave para este dia.
Tive uma experiência bonita no ano passado, ao conseguir, junto a duas amigas, lançar um livro. Coisa simples, poucas páginas, mas com uma carga de emoção grande. Era nosso primeiro filho, digamos assim. Quando se tem um filho, a vontade é de apresentá-lo. E eu não tinha um filho, tinha quinhentos deles, idênticos, bonitos, repetidos os genes, repetidos gênios. Ora, presenteei amigos, família, professores e sobravam filhos. Não havia mais gente que eu pudesse dar “meu filho” como prova de lembrança ou carinho. Foi então que me lembrei de personagens cotidianos que me fascinam nas primeiras horas do dia – os garis. Digo garis, pois são anônimos repetidos em roupas laranja. Ao mesmo tempo que chamam a atenção pela cor, desviam os olhos. E foi assim:
– Bom dia! O senhor quer um livro meu?
A reação era de surpresa:
– Pra mim?
– Sim, pro senhor.
– Quanto custa?
– Não é nada.
– Nada?
– Nada.
E assim foi até terminar todos os filhos: pra mim? Sim, pro senhor…
Mas o melhor aconteceu um mês depois. Três deles vieram ao meu trabalho com poesias e frutas, das melhores. Estavam agradecidos.
Disseram-me que pouca gente enxerga, pouca gente cumprimenta, quase ninguém os vê. Era isso. Hoje queria falar da invisibilidade pública, além da social. Não vou me deter nos pormenores, só queria dizer de minha gratidão aos garis. Obrigada por recolher o que nossa ignorância deixa escapar, o que descartamos sem lembrar que o mundo não é só nosso. Obrigada!
Oi Lu.
Seus filhos ainda estão sendo distribuídos, no Sus, no mercado, praças, feira do livro, parques, Viva Vida, Guri na Roça, viveiro e principalmente escolas de bairros próximos e longínquos. Outro dia, lá em São Silvestre, ma mãe leu emocionada uma crônica de sua aluna. Outros estão tirando fotos das poesias e crônicas. É muito gratificante percorrer a cidade, levando Arte, Crônicas e Poesias. Pode-se dizer que agora você também possue netos, frutos de seu trabalho e dedicação com os alunos. Um grande abraço e o meu muito obrigado!
Essa é a nossa LU, amiga, irmã, poeta, mãe da Ana Lu,professora, estudante,sonhadora, realista, anarquista e também comunista e muito mais que não sabemos ainda, só temos certeza que sua grandeza é que fala é que sonha e que escreve sobre coisas e pessoas simplesmente. Lu te amo, viu?