Covid-19: Variante indiana identificada em 17 países gera dúvidas entre especialistas

Descoberta é importante para a melhor compreensão sobre o comportamento do vírus da Covid-19

Foto: Trinity Care Foundation/Flickr

A variante indiana do coronavírus, suspeita de ser a responsável por mergulhar a Índia em uma grave crise sanitária, foi detectada até o momento em pelo menos 17 países, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A cepa conhecida pelo código B.1.617 foi identificada em mais de 1.200 sequências de genoma analisadas em uma lista de nações que inclui Reino Unido, Estados Unidos e Cingapura.

O número de mortos pelo coronavírus ultrapassou 200.000 pessoas nesta quarta-feira (28) na Índia. No total, 201.187 pessoas sucumbiram à Covid-19, sendo 3.293 nas últimas 24 horas, segundo dados oficiais do Ministério da Saúde. Muitos especialistas acreditam, no entanto, que o balanço de vítimas seja na realidade muito maior.

Em seu relatório semanal sobre a pandemia divulgado na terça-feira (27), a OMS listou os 17 países atingidos pela variante indiana, com base nas informações inseridas pela comunidade científica internacional no Gisaid, um banco de dados criado em 2008 e que fornece acesso aberto a dados genômicos de vírus do tipo influenza, implicado na gripe sazonal, e o coronavírus, na origem da Covid-19. Nos últimos dias, a variante indiana também foi detectada em vários países europeus, como Bélgica, Suíça, Grécia e Itália.

O estudo preliminar da OMS, com base nas sequências fornecidas por cientistas ao Gisaid, indica que a cepa B.1.617 “tem uma taxa de crescimento mais alta do que outras variantes que circulam na Índia, sugerindo que é mais contagiosa”.

A OMS classificou recentemente a mutação descoberta na Índia como uma “variante de interesse” e não como “uma variante preocupante”. Se fosse classificada nesta última categoria, significaria que seria mais perigosa (mais contagiosa, mais letal e capaz de resistir a vacinas).

Esta cepa indiana ainda provoca dúvidas entre especialistas. O recrudescimento dos casos na Índia também pode ser atribuído a “outros comportamentos”, diz a OMS, como o não cumprimento de restrições sanitárias e o elevado número de aglomerações. Nos últimos meses, multidões participaram de festas religiosas e comícios eleitorais sem respeitar o distanciamento físico e sem máscaras de proteção facial.

A OMS destaca que outras variantes que circulam na Índia também são altamente contagiosas e que a combinação de fatores “pode ter um papel na reativação de casos” no país.

“São necessárias investigações adicionais” urgentes sobre contágio, gravidade e risco de reinfecção da variante indiana, para entender seu papel na crise de saúde atual, conclui a OMS.

Novo recorde de infecções

Quarto país do mundo em óbitos pelo coronavírus, atrás dos Estados Unidos, do Brasil e do México, a Índia registrou na terça-feira (27) 350.000 novas infecções. Os hospitais do país estão superlotados e já não dão conta de receber pacientes necessitando de ajuda respiratória nas UTIs. A ajuda internacional começou a chegar a Nova Délhi, mas a situação é de caos no sistema de saúde indiano.

O aumento exponencial de casos da Covid-19 é atribuído à participação de multidões em festas religiosas e comícios eleitorais nas últimas semanas, sem uso de máscaras e sem respeitar o distanciamento físico recomendado para prevenir o contágio.

Com informações da AFP

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