Houve manifestações na frente dos portos de São Francisco do Sul e Imbituba
Por Sérgio Homrich.
Dia de Luta em Defesa dos Portos Públicos de Santa Catarina – foi marcado por manifestações, carro de som e panfletagens dos trabalhadores portuários em frente aos portões principais dos portos de São Francisco do Sul e de Imbituba. Sem aglomeração e usando máscaras faciais, os portuários iniciaram o Ato às 10 horas, no portão do Porto Público de São Francisco do Sul, depois seguiram em passeata até a frente do Terminal Graneleiro, onde trabalham os servidores da antiga Cidasc, para finalizar a caminhada em frente ao portão principal do Porto. “Privatização, NÃO!” gritavam as dezenas de manifestantes que participaram do Ato. Em Imbituba, o Ato aconteceu às 12h15min.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Comércio Armazenador de Santa Catarina (Sintracasc) e um dos organizadores do Ato em São Francisco do Sul, George Wulf, lembra que a resistência dos trabalhadores portuários começou em fevereiro deste ano, quando o governo estadual lançou o programa de privatização dos portos. “Desde então, estamos mobilizados, juntamente com o Sintespe, conferentes, estivadores, todos contra esse absurdo”. Para o dirigente sindical, “não tem lógica você pegar um porto rentável, que lucra muito, e querer jogar nas mãos de uma empresa privada”. A decisão, segundo George, “pegou todo mundo de surpresa” e somente se justifica porque o governo “quer tirar o foco de algo ou atender ao interesse de alguém favorável à privatização”.
O Ato teve presença significativa de trabalhadores, apesar do horário de trabalho e em meio à chuva. “Como fizemos um ato pacífico, a gente comentou para que não fosse paralisada nenhuma tarefa dentro do porto, ou fazer algo que possa prejudicar a imagem dos trabalhadores. Estamos reivindicando um direito nosso, é pela nossa cidade, que tem uma longa história com o porto”, disse George. Ele lembra que a privatização envolve 69 trabalhadores, somente no Terminal Graneleiro, e que, “se privatizar, esse pessoal seria realocado para Florianópolis, onde não há frente de trabalho, porque o curso que fizeram é específico para o porto”.
APOIO DA COMUNIDADE – Os trabalhadores portuários estão determinados a conquistar o apoio da comunidade de são Francisco do Sul à luta em defesa do porto público. “Muita gente ainda não tem noção do impacto que teria uma privatização”. George cita como exemplo o porto de Itapoá, administrado por uma empresa privada: “A faixa de salário lá é muito baixa. Hoje, temos conferentes, estivadores, pessoal do Porto e do Terminal Graneleiro (SCPar), gente que tem história de muitos anos e um vínculo com o porto, para chegar ao salário que recebe hoje”. E prossegue: “70% desse salário é investido no comércio local, a partir do momento em que privatiza e paga menos o investimento no comércio irá reduzir”.
Para a servidora Priscila Picasky da Costa, “o povo já está se mobilizando e lutando junto, contra a privatização dos portos”, porque “entendeu que não tem nada que justifique esse tipo de decisão do governo”. Ela não se diz surpresa diante dessa tentativa de privatização, “porque a gente sabe que é um governo liberal e que a maioria, infelizmente, votou favorável à eleição deste governo privatista, mas já existe indignação”.
Aproximadamente 400 servidores trabalham nos portos de São Francisco do Sul e de Imbituba. A ameaça de privatização “é preocupante, porque traz instabilidade para o servidor, que leva o pão de cada dia para a sua família e isso gera muita insegurança”, lamenta Priscila. Sobre os sucessivos aumentos da movimentação de cargas no porto de São Francisco do Sul e o processo de privatização proposto pelo governo, Priscila critica: “Nosso porto nunca gerou prejuízo, a movimentação aumenta a cada ano. Isso tudo gera incertezas, os empresários ficam em dúvida em relação ao futuro”, adverte.