Por Duda Menegassi.
Pouco mais de um ano após voltarem ao Brasil, as ararinhas-azuis começam a dar novos passos para retomada da vida em seu ambiente natural, a Caatinga baiana. A equipe de pesquisadores que monitora o grupo de 52 ararinhas trazidas ao município de Curaçá, norte da Bahia, em março de 2020, comemorou o nascimento dos primeiros dois filhotes da espécie na Caatinga, após 30 anos do último registro. O casal colocou quatro ovos, apenas dois férteis. O primeiro filhote nasceu no dia 11 de abril, mas morreu no dia seguinte devido à inexperiência dos pais. No dia 13, um novo filhote, outra vez abandonado pelos pais de primeira viagem, mas acolhido a tempo pelos pesquisadores, que passaram a alimentar e cuidar para a pequena ave sobreviva e possa ser solta futuramente nas matas para o reestabelecimento definitivo da ararinha em solo brasileiro.
A ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) era considerada extinta na natureza desde 2000. Com ocorrência apenas no sertão baiano, as populações silvestres da ave foram dizimadas devido ao tráfico de animais e à perda de habitat. Sua sobrevivência ficou então atrelada a cativeiros no Brasil e no mundo, que garantiam a reprodução e perpetuação da espécie. Em março de 2020, um grupo de 52 ararinhas-azuis, provenientes da instituição alemã Association for the Conservation of Threatened Parrots (ACTP), foram enviadas ao Refúgio de Vida Silvestre da Ararinha Azul e na Área de Proteção Ambiental da Ararinha-Azul, ambas unidades de conservação criadas no município de Curaçá em junho de 2018 que possuem 29,2 mil e 90,6 mil hectares respectivamente para garantir a proteção da espécie de volta à Caatinga. Em Curaçá também foi construído o Centro de Reprodução e Reintrodução das Ararinhas-Azuis, estrutura que conta com dois viveiros e onde atuam os pesquisadores, responsáveis pelo monitoramento das ararinhas junto com a equipe do ICMBio.
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