Por Esmael Morais.
O presidente John Magufuli morreu por complicações da covid-19 nesta quarta-feira (17/3) na Tanzânia, África Oriental, após atravessar a pandemia com uma ampla campanha negacionista que lhe rendeu o apelido de “Bolsonaro da África”.
Em junho de 2020, por exemplo, a “gripezinha” de Magufuli foi a declaração da Tanzânia de “área livre” da covid –embora os hospitais estivessem abarrotados de infectados, relatados como doentes com pneumonia ou problemas respiratórios.
Enquanto as autoridades locais alertavam sobre o avanço da doença e a letalidade do vírus, o “Bolsonaro da África” desprezou as recomendações do uso de máscaras, os bloqueios e o distanciamento social.
Na época, colégios e universidades fecharam, mas as lojas, os mercados, as mesquitas e as igrejas continuam abertos, e os meios de transporte funcionam normalmente. O próprio presidente incentiva os cidadãos a continuarem trabalhando, embora com medidas de proteção estabelecidas pelo governo.
Para o consumo público, Magufuli morreu aos 61 anos por “problemas no coração” — segundo a vice-presidente Samia Suluhu Hassan.
Antes do anúncio de seu falecimento, nesta quarta, o “Bolsonaro da África” não aparecia em público havia 20 dias, o que ampliou as suspeitas de covid.
Ou seja, John Magufuli morreu negando os efeitos nefastos do coronavírus.
O “Bolsonaro da África” se elegeu presidente da Tanzânia em 2015 e renovou o mandato após vencer as eleições de outubro de 2020, com mais de 84% dos votos.
Qualquer coincidência –menos a reeleição e a morte– é mera semelhança.
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