Estudos preliminares realizados pelo Butantan demonstram que a Coronavac é capaz de neutralizar variantes do novo coronavírus

Foto: Instituto Butantan

Dados iniciais apontam que a vacina do Butantan contra a Covid-19 é capaz de combater as variantes P.1 (também conhecida como amazônica) e P.2 (do Rio de Janeiro) do novo coronavírus. O estudo está sendo realizado em parceria com o Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), e incluiu as amostras de 35 participantes vacinados na Fase 3 realizada pelo Butantan.

O estudo completo inclui um número maior de amostras já em análise. Os resultados serão divulgados posteriormente.

Dados promissores

As vacinas compostas de vírus inativado, como a produzida pelo Instituto Butantan, possuem todas as partes do vírus. Isso pode gerar uma resposta imune mais abrangente em relação ao que ocorre com outras vacinas que utilizam somente uma parte da proteína Spike (proteína utilizada pelo coronavírus para infectar as células). A vacina inativada do Butantan consegue ter uma proteína Spike completa.Dessa forma, a vacina do Butantan pode levar a uma proteção mais efetiva contra as variantes que apresentam mutação na proteína Spike, enquanto as vacinas que têm fragmentos menores desta proteína têm menos chances de serem eficazes contra as novas variantes.

Nos testes realizados pelo Butantan são utilizados os soros das pessoas vacinadas (colhidos por meio de exame de sangue). As amostras são colocadas em um cultivo de células e posteriormente infectadas com as variantes. A neutralização consiste em testar se os anticorpos gerados em decorrência da vacina vão neutralizar, ou seja, combater o vírus nesse cultivo.

No estudo está sendo avaliado não somente o vírus de referência, como também as variantes P.1 e P.2 (ambas têm mutação E484K presente na variante B.1.351, detectada na África do Sul). Em todos os testes foi utilizado o vírus “selvagem” (wild-type), ou seja, coronavírus íntegros com potencial de causar a infecção. Os testes são realizados em um laboratório de biossegurança de nível 3, que é destinado ao trabalho com microrganismos da classe de risco alto.

No entanto, os resultados de laboratório são apenas um indicativo. O mais importante neste momento são os resultados já verificados na vida real, que é o impacto positivo da vacinação. Índices de ocupação nos hospitais e Unidades de Terapia Intensiva, bem como o número de internações e óbitos já caíram em São Paulo e em Pernambuco.

As variantes

P.1
Conhecida como a variante amazônica, a P1 recebeu a classificação de “Variante de Preocupação” da Organização Mundial da Saúde. Ela apresenta 20 mutações e é apontada como causadora de reinfecção em Manaus.

P.2
Emergiu no Rio de Janeiro e já se espalhou por diversos estados, incluindo São Paulo, Paraná e Bahia. Também foi detectada no Reino Unido, Canadá, Argentina, Noruega, Irlanda e Singapura.

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