Deputado do PSL gaúcho é investigado por “rachadinha” e uso pessoal de verba pública

Após denúncia do Fantástico, Ruy Irigaray será investigado pela Assembleia Legislativa e pelo Ministério Público do RS

Deputado ao lado de Bolsonaro, em Brasília, no dia 5 de fevereiro, quando discutiu novos decretos armamentistas com o presidente – Divulgação Ruy Irigaray

Acusado de usar funcionários do seu gabinete para reformar uma casa da família e realizar trabalhos domésticos, além de ter criado um “gabinete do ódio” e de praticar “rachadinhas”, o deputado estadual do Rio Grande do Sul Ruy Irigaray (PSL) será investigado pela Assembleia Legislativa e pelo Ministério Público do estado (MPRS).

Uma nota assinada pela superintendente de Comunicação e Cultura, Isara Marques, informa que a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul tomou conhecimento das denúncias por meio do programa Fantástico, da Rede Globo.

“O caso será imediatamente encaminhado aos órgãos competentes do Poder Legislativo para averiguar as denúncias e providências cabíveis”, afirma a nota.

Também por meio de nota, o MPRS informa que as denúncias foram recebidas em 9 de fevereiro, quando duas pessoas “prestaram declarações em que noticiaram o que em tese pode se configurar como possíveis atos de improbidade administrativa, que importariam enriquecimento ilícito, causariam prejuízo ao erário e atentariam contra os princípios da Administração Pública pelo deputado Ruy Irigaray Junior e assessores parlamentares a ele vinculados”.

A entidade diz que o processo está em sigilo e que a apuração será feita pelo promotor de Justiça Flávio Duarte.

O caso

Segundo reportagem do Fantástico exibida neste domingo (14), as acusações foram feitas pela ex-servidora Cristina Nebas e por uma ex-assessora que não quis se identificar.

A casa reformada com uso de dinheiro público localiza-se no bairro Ipanema, de frente para o rio Guaíba, em Porto Alegre. Avaliado em R$ 2 milhões, o imóvel tem sido utilizado como escritório do deputado, que chegou a contar com 15 servidores, que realizavam tarefas do gabinete e reformas.

Uma das mulheres contratadas teria trabalhado como babá e empregada doméstica da família de Ruy Irigaray. As acusações estão documentadas em vídeos, fotos e mensagens de WhatsApp, como mostrou a reportagem.

A ex-assessora disse que o local abrigava mais de 50 telefones celulares, uma espécie de “gabinete do ódio” em favor de Ruy Irigaray. A estrutura criava perfis falsos e era usada para monitorar e postar notícias falsas atacando deputados do seu próprio partido, o PSL.

Em dezembro de 2019: Crise no PSL: por que a sigla rachou e o que querem as alas bolsonarista e bivarista

“Rachadinhas”

Cristina denunciou a prática de “rachadinha”, esquema do qual ela afirma não ter aceitado participar. Gravações feitas pela ex-servidora mostram um diálogo em que um dos assessores afirma que devolve ao deputado R$ 2 mil do seu salário de R$ 6 mil.

Deputado nega

Em vídeo nas redes sociais, o deputado Ruy Irigaray nega os crimes e chama a reportagem de manipulada “com objetivo de desabonar minha conduta como pessoa e parlamentar atrave?s de denuncias falsas feitas por duas ex-assessoras que trabalharam pouqui?ssimos meses em meu gabinete”.

Ele ataca as acusadoras e diz que os documentos apresentados foram alterados. Disse ainda que, devido à pandemia e às restrições na Assembleia Legislativa, ele passou a despachar no seu escritório político, a casa em questão, mas que a mudança não trouxe custos ao erário público.

*Com informações da Agência de Notícias ALRS e do G1.

Fonte: BdF Rio Grande do Sul

Edição: Marcelo Ferreira e Rodrigo Durão Coelho.

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