A Marcha das viúvas dos suicidas italianos foi realizada na cidade de Bolonha, em frente à Receita Federal de Bolonha – onde recentemente o artesão de Ozzano, Giuseppe Campaniello, se matou por causa das dívidas com o fisco – a procissão das viúvas dos suicidas por conta da crise e das dificuldades com as autoridades fiscais.
As centenas de pessoas que participaram da marcha promoveram um longo aplauso em frente à casa da esposa de Campaniello, Tiziana Marrone, que organizou a manifestação junto com Elisabetta Bianchi.
Ao agradecer os participantes que vieram para Bolonha em um dia de trabalho e a mídia, a viúva do artesão disse que “a Itália não quer acabar como a Grécia”, com tantos empresários suicidas desde o início do ano. Tiziana então pediu que as instituições façam alguma coisa porque “os poderosos são os únicos que podem fazê-lo”.
Relembrando que na carta de despedida o marido pediu à Receita para deixar sua família em paz, ela reiterou esse pedido e concluil.
“Levaram tudo de mim, sou uma mulher sozinha que precisa cuidar da família. Deixem-me viver minha vida, se eu estou tranquila, ele poderá descansar em paz”.
“O desespero é total, disse ela à imprensa presente. Meu marido não teve apoio”.
Na manifestação não havia símbolos políticos, mas apenas panos brancos, o que conferiu ao evento o nome de a ‘marcha das viúvas brancas’.
“Senti que era meu dever fazer alguma coisa, comentou se Elisabetta Bianchi, organizadora do evento, porque ninguém faz nada. Foi uma manifestação apolítica, apenas com bandeiras brancas. Somos gratas à mídia pelo apoio e ao presidente do Palermo, Maurizio Zamparini, que foi muito solidário conosco”.
No final da marcha, a esposa de Campaniello, que tinha sua foto estampada em um banner branco, colocou flores no local onde o marido se matou e leu os nomes das pessoas que cometeram suicídio por causa da crise.
“Editoras entraram em contato conosco, escreveremos um livro e doaremos a renda às famílias das vítimas.Também pediremos às instituições dos municípios de residência das vítimas para criar uma ‘placa das vítimas do fisco'”, afirmou Bianchi, acrescentando que “é um dever pagar as taxas, mas precisamos de um relacionamento mais humano. Pedimos ao governo para mudar as leis e para colocar uma mão na consciência, porque as pessoas precisam de uma conexão humana que não existe mais”.