Mianmar registra atos de desobediência civil após golpe militar

Médicos e enfermeiros de hospitais estatais não foram trabalhar; protestos foram registrados em Yangon, maior cidade do país. Foto: AFP/Télam

No dia seguinte ao golpe militar em Mianmar, que prendeu a primeira-conselheira, Aung San Suu Kyi, e o presidente do país, Win Myint, começam a surgir nas cidades os primeiros atos de desobediência civil.

Em um comunicado divulgado pelas redes sociais nesta terça-feira (02/02), um grupo de médicos e enfermeiros que atuam em hospitais estatais informaram que vão parar de trabalhar por “não quererem servir” um governo militar.

Eles aderiram ao “Movimento de Desobediência Civil” lançado através das redes sociais pelo grupo Yangon Youth Network, uma organização de jovens que buscam a mobilização dos moradores e de cidadãos que vivem foram do país.

Na noite desta terça-feira (01/02), após o toque de recolher entrar em vigor, inúmeros moradores de Yangon, a maior cidade do território, protestaram das sacadas e janelas de suas casas. Gritos, panelaços e buzinas foram ouvidos a partir das 20h (hora local) para protestar contra o golpe de Estado.

Apesar das duras críticas internacionais, o general Min Aung Hlaing, que assumiu o controle do governo durante o ano de “emergência”, afirmou que “essa via” do golpe “era inevitável para o país e, por isso, a escolhemos”.

O golpe foi dado no dia em que os parlamentares eleitos em dezembro iriam tomar posse e se reunir pela primeira vez. O partido de Suu Kyi, o Liga Nacional para a Democracia (NLD), teve uma vitória avassaladora, com mais de 70% dos votos, o que daria quase 350 assentos não militares no Parlamento.

No entanto, apesar das Forças Armadas terem direito a um quarto das vagas parlamentares, por conta de uma lei aprovada ainda durante a ditadura, elas também apoiam a oposição civil através do União, Solidariedade e Desenvolvimento (USDP) – que teve um resultado fraco na disputa. Os militares ainda tinham direito por lei a três ministérios: Defesa, Assuntos Internos e Relações Exteriores.

Com o aumento da força dentro do país de Suu Kyi, mesmo com a falta de apoio da comunidade internacional após a perseguição da minoria étnica rohingya em 2017, analistas apontam que os militares viram que perderiam ainda mais influência nos rumos políticos nacionais. Por isso, denunciaram que houve “fraude eleitoral”.

Reações internacionais

A União Europeia voltou a condenar o golpe militar e exigiu a retomada do “governo civil” no país.

“Pedimos que os militares libertem rapidamente e sem condicionamentos o presidente, a conselheira de Estado e todos aqueles que foram presos, exercite a máxima moderação, retomem as telecomunicações e respeitem os direitos humanos, a liberdade de expressão, as liberdades fundamentais e o Estado de direito”, escreveu em nota o alto representante para Política Exterior, Josep Borrell.

O representante informou ainda que “espera que a segurança dos cidadãos” seja mantida e que “levará em consideração todas as opções que têm suas disposições para garantir que a democracia prevaleça”.

Os Estados Unidos também voltaram a se manifestar e informaram que estão prontos “para um drástico corte de ajudas ao país”.

*Com ANSA

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