Não tem dinheiro para auxílio emergencial, mas tem R$ 3 bi para comprar votos no Congresso

Nesta segunda-feira (1°) finalmente foram realizadas as eleições para a direção da Câmara dos Deputados e do Senado no país. Foram eleitos o deputado Arthur Lira (Progressistas-AL), para a presidência da Câmara, e Rodrigo Pacheco (DEM-MG), para comandar o Senado.

A eleição de ambos foi comemorada pelo governo que interferiu diretamente na disputa. Bolsonaro que se elegeu dizendo que iria acabar com a “mamata” e criticava os “corruptos do Centrão” mergulhou de cabeça na velha política do “toma-lá-da-cá”.

Conforme planilhas de distribuição de verbas amplamente divulgadas pela imprensa, o governo abriu os cofres públicos e despejou R$ 3 bilhões para 250 deputados e 35 senadores em verbas “extras” para serem aplicadas em seus redutos eleitorais. Compra aberta e descarada de votos. Fora isso, ainda teve outros milhões em emendas e distribuição de cargos. Deputados também denunciaram que o governo ameaçou exonerações de indicações políticas para pressionar por votos.

A disputa mais acirrada se deu na Câmara. Rodrigo Maia (DEM) tentou eleger um sucessor com a candidatura de Baleia Rossi (MDB), mas saiu derrotado, juntamente com os partidos da chamada oposição parlamentar, que incluiu o PT, PCdoB, PDT, entre outros, que também apoiaram o candidato liberal. No Senado, Rodrigo Pacheco teve o apoio tanto do governo Bolsonaro, quanto do PT.

Questionado sobre a oferta de cargos e verbas, o deputado e filho do presidente Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), negou que tenha havido, mas se disse “feliz” que o Planalto tenha agido na disputa do Congresso. Mais do que isso, deu a dica do porque o governo se esforçou tanto para influenciar no controle das Casas.

“Eu não vi nada disso. Mas como eu falei, pouco importa essas questões, eu quero saber de eleger um presidente (Câmara) que não vai deixar caducar as medidas provisórias. Um presidente que vai pautar as matérias que estiveram no centro das eleições de 2018. Isso é o que eu quero saber”, afirmou.

No momento em que Bolsonaro e Paulo Guedes acabaram com o pagamento do auxílio emergencial, que vai aumentar a pobreza e a miséria num momento em que o desemprego bate recorde e a pandemia se agrava, essa farra com o dinheiro público é ainda mais escandalosa.

Os R$ 3 bilhões despejados para a compra de corruptos dariam para adquirir mais de 100 milhões de vacinas contra a Covid.  A Medida Provisória do governo que destinou recursos para produção e compra de 100 milhões da vacina de Oxford, por exemplo, liberou de R$ 1,99 bilhão.

Governo prepara ataques

Além de definir as pautas e projetos que serão debatidos na Câmara, é nas mãos do presidente da Casa que está a decisão de dar início a um processo de impeachment.

Rodrigo Maia passou o mandato engavetando mais de 60 pedidos de impedimento, apesar das rusgas públicas com o governo. Mas, com Lira, Jair Bolsonaro, como declarou Eduardo, pretende avançar em suas pautas de ataques aos trabalhadores e ao país, ao mesmo tempo barrar a pressão cada vez maior pelo impeachment.

“Bolsonaro, Mourão e Paulo Guedes, além de evitar um impeachment, têm uma pauta ultraliberal que prevê ainda mais ataques aos trabalhadores e ao país, como uma nova reforma trabalhista, a Reforma Administrativa que visa privatizar os serviços públicos, diversas privatizações e projetos reacionários de interesse da bancada religiosa. É essa pauta que o governo pretende fazer avançar no Congresso e por isso se aliou aos notórios corruptos do Centrão para garantir votos”, avalia o integrante da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas Paulo Barela.

“Portanto, as manifestações pelo Fora Bolsonaro e Mourão, por vacinação para toda a população, já, contra a Reforma Administrativa, as privatizações, contra a volta das aulas presenciais nas escolas em meio à pandemia, entre outras lutas, precisam ser intensificadas. Só a mobilização da classe trabalhadora, da juventude e de toda a população que está sendo prejudicada pela pandemia e pela política genocida deste governo poderá barrar estes ataques”, afirmou Barela.

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