2021: o ano do impeachment de Bolsonaro? Por Altamiro Borges.

    Foto: Divulgação
    Por Altamiro Borges, no Blog do Miro.

    Levantamento feito pela revista Época, com base em dados da Câmara Federal, mostra que Jair Bolsonaro encerrou 2020 “como o presidente que mais foi alvejado com pedidos de impeachment durante um único ano desde a redemocratização”. O negacionista, genocida e fascista está na linha de tiro.

    De acordo com a nota, “o presidente foi objeto de 51 solicitações em 2020. Com o número, ficou à frente de Dilma Rousseff – com 37 pedidos em 2015 , Fernando Collor  que somou 24 em 1992 , e Michel Temer  23 em 2017″. Esse bombardeio talvez explique seu constante piriri verborrágico. Temendo pelo seu futuro e de seus filhotes, o fascista explícita sua agressividade.

    Adorador da tortura e da morte

    E um novo pedido de impeachment já pode estar em curso a partir das nojeiras obradas pelo “capetão” sobre as torturas sofridas pela ex-presidenta Dilma Rousseff. Uma carta de ex-presas políticas foi enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Congresso Nacional pedindo providências contra o adorador da tortura e da morte.

    O grupo formado por 23 mulheres é enfático. “Nós mulheres, ex-presas políticas, que nos rebelamos e resistimos ao autoritarismo da ditadura civil-militar, vimos repudiar estes atos e demandar que as instituições democráticas do Estado Brasileiro tomem as providências cabíveis”.

    Cresce a rejeição na Câmara Federal

    A asquerosa ironia do presidente-capitão sobre as torturas sofridas por Dilma Rousseff gerou críticas de distintos setores políticos. Até Fernando Henrique Cardoso, um dos responsáveis pela ruptura democrática no país e pela ascensão do fascista ao governo, reagiu: “Brincar com tortura é inaceitável”, postou o grão-tucano FHC.

    Já o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ)  que engavetou todos os pedidos de impeachment do “capetão” enquanto comandou a Câmara Federal  protestou: “Bolsonaro não tem dimensão humana. Tortura é debochar da dor do outro. Minha solidariedade a ex-presidente Dilma. Tenho diferenças com ela, mas tenho a dimensão do respeito e da dignidade humana”.

    E Baleia Rossi (MDB-SP), candidato de Rodrigo Maia à sucessão na Câmara Federal apoiado por setores democráticos  que, em tese, poderá destravar os pedidos de impeachment  também reagiu: “Não é sobre esquerda, centro ou direita. É sobre a dignidade humana, é disso que se trata. Nossa solidariedade à ex-presidente Dilma. Tortura nunca mais”, postou no Twitter.

    “Sobram razões para o impeachment”, afirma jurista

    Todos essas aberrações  da apologia à tortura até à política genocida diante da pandemia da Covid-19  reforçam o caldo para o impedimento do “capetão”. Em artigo publicado na revista CartaCapital, o renomado advogado Pedro Serrano  que sempre foi cuidadoso com o recurso do impeachment  garantiu que já há elementos que justificariam seu pedido. Reproduzo trechos do artigo intitulado “Sobram razões para o impeachment de Bolsonaro”:

    *****

    Sempre defendi a ideia de que não se deve banalizar o impeachment. Fui contra os de Collor, Fernando Henrique Cardoso, Lula e o que resultou no golpe em Dilma.

    A Constituição de 1988 não deixa dúvida sobre a natureza excepcional e emergencial do instituto.

    Crime de responsabilidade só quando há atentado à Constituição – a “arma nuclear” de Dworkin.

    A cultura do impeachment levou a escutarmos que votariam em Bolsonaro “e, se ele não fizesse um bom governo, era só tirá-lo do cargo, como fizemos com a Dilma”. Nada mais equivocado.

    A dimensão jurídica do impeachment é vinculante, ou seja, indisponível: para o Parlamento decretar o impedimento, tem de haver atentado à Constituição.

    A dimensão política é que o Parlamento pode decidir não decretar o impeachment, mesmo havendo atentado à Constituição.

    Isso é impensável quando ocorrem crimes comuns, pois o Judiciário tem a obrigação de puni-los.

    Essa é a natureza do crime de responsabilidade: a decisão política do Parlamento é livre quanto à aplicação da punição, uma vez que ele tenha juridicamente ocorrido. O contrário é golpe: afastar um presidente sem crime de responsabilidade.

    Mas Bolsonaro deve sofrer impeachment?

    Por suas condutas e omissões na pandemia, sim.

    Bolsonaro deixou de fazer o que estava obrigado como presidente. Deveria ter seguido as recomendações científicas para conter a doença, em vez de estimular o desprezo pela vida.

    Deveria ter coordenado e planejado as políticas de saúde e sanitárias, função da União, para melhorar a gestão de leitos de UTIs, garantir o isolamento social, realizar testes em massa, integrar os esforços na busca pela vacina, assegurar o auxílio emergencial para o enfrentamento do período difícil…

    As ações e omissões de Bolsonaro levaram seu próprio povo à morte e geraram danos irreparáveis.

    Isso é crime de responsabilidade.

    Ao povo, resta afastá-lo.

    Bolsonaro atentou contra os direitos e os princípios constitucionais mais primários: o direito à vida e à saúde.

    Na dimensão jurídica, portanto, sobram razões para seu impeachment.

    Na dimensão política, cabe ao Parlamento brasileiro decidir, que, por ora, se omite gravemente em não investigar a conduta presidencial e em não reconhecer o flagrante e continuado crime de responsabilidade.

     

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