MST do Paraná realiza “Natal da Reforma Agrária Popular”

Foto: Breno Thomé Ortega.

Ações começam neste sábado (19) e vão até o dia 23, em todas as regiões do estado. A iniciativa é em solidariedade a quem enfrenta a fome neste período de pandemia da Covid-19.

Às vésperas das festas de final de ano, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do Paraná propõe a solidariedade como prática do “espírito natalino”. Entre os dias 19 e 23 de dezembro, as famílias Sem Terra realizam a campanha estadual “Natal da Reforma Agrária Popular”, com doações de alimentos e marmitas em todas as regiões do estado.

As iniciativas são em solidariedade com quem enfrenta a fome neste período de pandemia da Covid-19, e também denunciam o aumento da fome e a falta de políticas públicas de apoio à agricultura familiar pelo governo Bolsonaro.

Ceres Hadich, assentada no norte do Paraná e integrante da direção nacional do MST, explica o sentido do esforço das famílias Sem Terra no estado: “A gente espera que as nossas ações de solidariedade sejam muito mais do que chegar até as famílias da cidade com uma marmita, com uma cesta de alimentos ou um kit de higiene. Que ela chegue também com essa esperança de que a gente vai construir um Brasil mais justo, solidário o humano”.

Em três doações realizadas neste sábado, já foram partilhadas 23,5 toneladas de alimentos: 14,5 toneladas em Guarapuava, na reunião centro-sul, a partir da união de 10 comunidades; 7 toneladas em Paiçandu, região noroeste do estado, frutos de assentamentos e acampamentos da região; e 2 toneladas doadas em Rio Branco do Ivaí, região centro-oeste, pelas famílias do assentamento Egídio Brunetto.

No dia 16 de dezembro, 1 tonelada de alimentos produzidos e doados por famílias Sem Terra do sudoeste do estado fizeram parte de uma mobilização conjunta com o Fórum Regional das Organizações e Movimentos Populares do Campo e da Cidade da região.

Com estas ações, o MST do Paraná chega a 464 toneladas de alimentos partilhados e mais de 34 mil marmitas distribuídas desde o início da pandemia da Covid-19.

Calendário da semana do Natal
Em Curitiba, as ações serão entre os dias 21, 22 e 23, com distribuição de 4 mil marmitas e mil cestas com alimentos da Reforma Agrária, para pessoas em situação de rua e várias comunidades da capital e da região.

A iniciativa é do MST em parceria com o Sindicato dos Petroleiros do Paraná e Santa Catarina (Sindipetro PR e SC), a ação Marmitas da Terra e da rede Produtos da Terra. A articulação viabilizou a organização da Cesta Esperança, composta por alimentos da Reforma Agrária e da Economia Solidária a preço de custo, doada por centenas de entidades e pessoas que aderiram à ação solidária.

Cerca de 7 toneladas de legumes, verduras, frutas e pães serão doados por famílias do assentamento Contestado, da Lapa, e dos acampamentos Maria Rosa do Contestado, de Castro; Reduto do Caraguatá, de Paula Freitas; Emiliano Zapata, de Ponta Grossa; José Lutzenberger, de Antonina, Maila Sabrina, de Ortigueira. A variedade de alimentos será acrescentada à Cesta Esperança e distribuída no dia 22, terça-feira.

As marmitas serão distribuídas no almoço dos dias 21, 22 e 23, e também como ceia na noite do dia 23, para pessoas em situação de rua do centro da capital paranaense. Nesta noite, cada uma das mil marmitas entregues também será acompanhada de uma embalagem de mel com açafrão, composto que contribui para a melhora da imunidade e previne infecções. O remédio natural é produzido e doado pelo Setor de Saúde Chica Pelega do assentamento Contestado, da Lapa, e já foi entregue em outros momentos junto às refeições.

Também contribuem para a doação de cestas a Seção Sindical dos Docentes da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (SINDUTF-PR), Associação dos Professores da Universidade Federal do Paraná (APUFPR), o Sindicato dos Trabalhadores em Educação das Instituições Federais de Ensino Superior no Estado do Paraná (SINDITEST). O Laboratório de Mecanização Agrícola da Universidade Estadual de Ponta Grossa (Lama/UEPG) e a Cáritas Diocesana participam com doações em Ponta Grossa.

Na região norte do estado as ações serão concentradas em Londrina, na terça-feira (22). A estimativa é de que as famílias Sem Terra reunirão cerca de 15 toneladas de alimentos. As entregas serão na zona sul e norte da cidade, e também para famílias indígenas da região.

No dia 23, famílias Sem Terra do oeste do Paraná farão a entrega de 4 mil pães produzidos por três padarias comunitárias da região, além de itens da cesta básica, frutas e verduras frescas. As doações serão em Cascavel, no bairro Interlagos, atendendo famílias identificadas pelo Centro de Referência de Assistência Social (Cras) como em maior situação de vulnerabilidade.

No mesmo dia, em Laranjeiras do Sul, região centro do estado, as famílias do assentamento 8 de Junho e dos acampamentos Recanto da Natureza e Antônio Conrado preparam a entrega de verduras e panificados – entre eles a tradicional cuca com farofa.

Desemprego e fome se alastram pelo Brasil

O fim do Auxílio Emergencial, a falta de emprego e de políticas de fortalecimento da agricultura familiar e da produção de alimentos dão sinais de um período ainda mais difícil para a população pobre.

Até o final de outubro, mais de 13,8 milhões de pessoas estavam desempregadas, segundo dados do IBGE do final de outubro. Para além disso, o número de desalentados, aqueles que gostariam de trabalhar, mas não procuraram trabalho por ter perdido as esperanças de encontrar, chegou a 5,8 milhões de brasileiros, quase 1 milhão a mais que no trimestre anterior.

Em janeiro, a pobreza extrema deve chegar a 10% e 15% da população brasileira, de acordo com projeção do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas. Com esta estimativa, serão 27,4 milhões de pessoas vivendo em extrema pobreza, o dobro do percentual registrado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no início de 2019.

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