Por Suzana Camargo, do Conexão Planeta – publicada no dia 11/12/2020.
Assim como Ousado, a onça-pintada Amanaci virou um dos símbolos da tragédia que devastou o Pantanal. Em agosto, a fêmea foi resgata em uma casa, na região de Poconé, por equipes do Corpo de Bombeiros do Mato Grosso. Ela teve queimaduras de terceiro grau nas quatro patas por causa dos incêndios que destruíram quase 30% do bioma.
Em estado grave, Amanaci foi levada de helicóptero para o Centro de Medicina e Pesquisa de Animais Silvestres (Cempas), da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). De acordo com os médicos veterinários, além das queimaduras, ela também inalou muita fumaça das queimadas.
Transferida para o Instituto Nex No Extinction, em Corumbá do Goiás, Amanaci ficou em tratamento durante 70 dias, ou seja, mais de dois meses. A onça foi submetida a aplicações de células-troncos para ajudar na cicatrização da feridas das patas, que ficaram em carne viva. Todavia, a extensão das lesões foi muito grande. De acordo com o veterinário Thiago Luczinski, os tendões que ela precisa para expor e usar as garras foram queimados, e sem elas, não conseguirá mais caçar para se alimentar sozinha na vida selvagem.
Ou seja, infelizmente, Amanaci nunca mais poderá voltará ao Pantanal e viverá o resto de sua vida em cativeiro.
Mas a boa notícia é que hoje Amanaci recebeu alta. Em suas redes sociais, o Instituto Nex No Extinction divulgou que Amanaci caminhou pela primeira vez sem as botas que estava usando para proteger suas patas e agora está num ambiente só para ela. Seu quadro de saúde é bom e ela se alimenta muito bem.
“Nossa menina Amanaci, o maior símbolo de força e resiliência deste ano, está de alta! … Gratidão à todos que nos ajudaram nesta luta! Vida longa para Amanaci!
Seguimos lutando por todas elas! Juntos, somos mais fortes!
“, diz a postagem.
De acordo com Luczinski, a nova casa de Amanaci foi projetada especialmente para ela e conta, inclusive, com um lago. Nesses primeiros meses ela ficará sozinha, mas no futuro, poderá dividir o espaço com um macho.
Em tupi-guarani, Amanaci significa a “deusa das chuvas”. Esta linda onça será para sempre lembrada como uma das centenas de vítimas dos incêndios no Pantanal.