A experiência da moeda social

Por Sucena Shkrada Resk*.

Agora, me restam cinqüenta centavos de elo como lembrança. Vocês podem estar perguntando – “O que ela quer dizer com isso? – Esperem, já explico. É a moeda social que circulou durante o VII Fórum Brasileiro de Educação Ambiental, no mês passado, em Salvador, na Bahia. O público adquiria voluntariamente para fazer compras na Feira Solidária ou na praça da alimentação do evento e não perdi a oportunidade. Mas o mais interessante nesse exercício, entretanto, foi saber a história atrás da iniciativa. Assim conheci um pouco da origem dos bancos comunitários no Estado.

São o Ecoluzia (primeiro, de 2005), de Simões Filho; de Guine, em Saramandaia; de Ilhamar, em Matarandiba, no município de Vera Cruz; de Casa do Sol, em Cairú. O próximo deverá ser em Ouricangas e receberá o nome Banco Fonte de Água Fresca. A Universidade Federal da Bahia (UFBA) mantém hoje a Incubadora Tecnológica de Economia Solidária e Gestão de Desenvolvimento Territorial, que auxilia esses projetos.

“A gente sempre fala de resgate da auto-estima. O objetivo é produzir renda na comunidade para os mais humildes, sem condições de tomar crédito fora. Podemos comprar em nossa área, alimentos, principalmente da pesca. Nossa comunidade é pequena, só não conseguimos ainda encontrar no nosso bairro roupas e materiais de construção, aí temos que usar o real”, contou a moradora Simone Santana, do bairro Santa Luzia.

Ao ouvir o relato, lembrei de minha infância, quando ganhei uma pequena máquina registradora de brinquedo, que tinha dinheiro de papel. A sensação de autonomia era muito boa. Naquela época, obviamente tudo não passava de algo lúdico. Quando voltei à realidade, observei que as cédulas (com design próprio) em cada comunidade tem um significado infinitamente maior para cada um desses cidadãos (ãs), que envolve além de renda e sobrevivência, a importância da geração de confiança nas relações humanas.

É interessante observar o quanto ainda é necessário avançar nesse modelo cooperativo de bancos comunitários no país. O processo começou em 1997, com o Banco Palmas, no Ceará, e em 2006, surgiu a Rede Brasileira de Bancos Comunitários de Desenvolvimento. Entretanto, com o tamanho continental do Brasil, novas incursões e histórias estão por vir. E quem sabe um dia, o que é exceção, se torne um modelo econômico expressivo.

*Jornalista há 19 anos, de São Caetano do Sul, SP, Brasil. Educadora na área ambiental, desde 2009.

Adital

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.