A influenciadora Mariana Ferrer terá vozes de apoio no próximo final de semana. Entre sábado (7) e domingo, movimentos feministas marcaram manifestações, em diversas capitais do país, contra o julgamento que inocentou o estuprador de Mariana, André de Camargo Aranha .
André havia sido identificado pela Polícia como autor do ato de violência sexual, que teria ocorrido durante uma festa em Jurerê Internacional, Florianópolis, no final de 2018. À época com 21 anos, Mariana, que era virgem, denunciou ter sido dopada e violentada.
O promotor argumentou que o empresário não teria como saber que Mariana Ferrer não estava em condições de consentir a relação. Além disso, em uma das audiências, o advogado do acusado Cláudio Gastão da Rosa Filho mostrou fotos sensuais da jovem para questionar a acusação de estupro. Ele dispara ofensas e ataques contra a vítima, que chora.
O caso chocou grande parte da população. Em São Paulo, mulheres vão às ruas no domingo, a partir das 13h, no Museu de Arte de São Paulo (Masp). No mesmo dia, também haverá uma manifestação no Rio de Janeiro. O ato está marcado para às 13h, na Cinelândia, região central da capital.
Ainda no dia 8, outras capitais irão se mobilizar: em Campo Grande-MS, uma manifestação começa no Aquário do Pantanal, às 15h; Porto Alegre realiza terá concentração também às 15h, na Esquina Democrática; Já Recife marcou um ato, às 14h, no Parque Treze de Maio, no bairro Boa Vista.
Florianópolis, onde ocorreu o crime, também terá apoio à Mariana, com manifestação marcada para às 15h, do domingo, na Avenida Rio Branco, no centro. No sábado, outras três capitais se mobilizam: Palmas, às 15h, na Praça dos Girassóis; Maceió, na Avenida Fernandes Lima, às 14h; e em Brasília, na Praça dos Três Poderes, também às 15h.
Clubes apoiam Mariana
O caso de Mariana Ferrer repercutiu também no meio do futebol. Clubes de todo o país se solidarizaram com a influenciadora e criticaram a tese do “estupro culposo”. Em quase todas as publicações nas redes sociais, os times também divulgaram o telefone 180, que presta uma escuta e acolhida qualificada às mulheres em situação de violência.
Os principais clubes de São Paulo e do Rio de Janeiro se manifestaram. Com a hashtag #EstuproCulposoNãoExiste, o Corinthians publicou: “A violência física e psicológica contra a mulher é inaceitável. Denuncie!”. Já o São Paulo disse repudiar a violência de gênero em todas suas formas de manifestação. “Toda relação sexual sem consentimento é estupro. Falar em estupro não intencional é desrespeitar profundamente as vítimas e correr o risco de abrir um perigoso precedente”, tuitou.
O Palmeiras afirmou que “falar em estupro não intencional é desrespeitar profundamente as vítimas, as mulheres e toda a sociedade”. O Vasco, o primeiro clube a se manifestar, retuitou todos os posicionamentos de clubes brasileiros e puxou a hashtag: #justicapormariferrer.
Investigação e anulação
Para a Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) o julgamento que inocentou o estuprador de Mariana Ferrer pode ser anulado. A advogada Tânia Oliveira, da ABJD, destaca que o juiz Rudson Marcos tem responsabilidade em ter permitido a barbárie contra Mariana Ferrer durante a audiência. “A grande agressão foi aquela audiência, que é caso de nulidade”, afirmou à RBA, sobre o caso denunciado pelo Intercept.
Já a seccional catarinense da Ordem dos Advogados do Brasil informou que vai enviar um ofício pedindo esclarecimentos preliminares ao advogado Cláudio Gastão da Rosa Filho. A entidade explica que processos disciplinares tramitam no Tribunal de Ética e Disciplina da OAB-SC e são sigilosos até o seu desfecho.
Além disso, o conselheiro Henrique Ávila, do Conselho Nacional de Justiça, enviou, nesta terça-feira, um ofício para corregedora nacional de Justiça, ministra Thereza de Assis Moura, pedindo que se apure a conduta do juiz Rudson Marcos.
De acordo com o trecho do documento, “causa-nos espécie que a humilhação a que a vítima é submetida pelo advogado do réu ocorre sem que o juiz que preside o ato tome qualquer providência para cessar as investidas contra a depoente”. O conselheiro diz que o magistrado, ao não intervir, “aquiesce com a violência cometida contra quem já teria sofrido repugnante abuso sexual”.