Para o fundador do movimento de motoboys antifascistas, Paulo Galo, o que explica a aproximação de trabalhadores da categoria dos partidos de centro e de direita é um processo de “demonização” da esquerda pela mídia. “Para eles [entregadores], a esquerda é sinônimo de corrupção”, diz.
Segundo Galo, muitos dos trabalhadores da categoria não se aprofundam nas questões políticas por estarem desgostosos com o cenário político. “Na greve dos entregadores, muitos trabalhadores não queriam o nome ‘greve’ porque relacionavam com algo ruim”, conta.
Os entregadores de aplicativos viraram o símbolo da precarização dos direitos trabalhistas, especialmente durante a pandemia de covid-19. Em agosto, a categoria organizou o “Breque dos apps”, uma paralisação para exigir melhores condições de trabalho das empresas de delivery.
A greve teve ressonância nas Câmaras Municipais e no Congresso Nacional, onde tramitam projetos de Lei para regularizar a situação desses trabalhadores. As reivindicações são diversas e vão de assinatura em carteira de trabalho, até seguro acidente, passando por fornecimento de equipamentos de proteção individual (EPI) e vale alimentação pelas empresas de delivery.
No Distrito Federal, um PL que prevê a criação de pontos de apoio para os entregadores foi aprovado na Câmara Legislativa e sancionado pelo governo local, mas os motoboys reclamam da demora na execução da legislação.
Para Galo, quando os trabalhadores buscam candidaturas à direita acabam “confundindo o país”. Em sua visão, há um lado “malicioso da direita” com relação à luta dos motoboys.
Ainda de acordo com o entregador, falta trabalho de base dos partidos de esquerda para mudar o cenário até as eleições de 2022. “Os partidos de esquerda que defendem o trabalhador precisam voltar para a base e conversar com o trabalhador. É necessário voltar para as periferias, favelas, portas das empresas de telemarketing e pontos de motos, por exemplo, explicando o que aconteceu com esse país, mostrando que eles estão tratando o trabalhador como lixo”, defende.
Já o PSL disse, em nota, que o aumento dos candidatos da categoria “condiz com a própria filosofia da legenda”.
“O PSL não é um partido que defende apenas o liberalismo econômico, mas também a justiça social e a igualdade de oportunidades. Esses profissionais foram fundamentais durante a pandemia para atender os consumidores e ajudar na movimentação da economia. O PSL sempre busca valorizar empregados e empregadores para auxiliar na construção de uma sociedade mais equilibrada”.
O partido Republicanos também foi procurado, mas não respondeu até o fechamento da matéria.
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