Paulo Guedes quer abrir o leilão de neoescravos

Mais de 100.000 mortos e mais de 3 milhões de infectados é pouco castigo para o Brasil. Nesta semana o governo tornou público o projeto para afrouxar as regras de contratação de trabalhadores e trabalhadoras em favor das empresas privadas. Chegou a hora dos trabalhadores ser exploradas por migalhas. A força de trabalho vai virar leilão de mão de obra e quem trabalhar por menos dinheiro vai levar.

O governo vai enviar ao Congresso Nacional mais uma peça macabra. O projeto prevê que no primeiro ano as empresas possam ter um plantel de 10% de empregados em regime de pagamento por hora trabalhada.
Mas isso é só o começo da degradação final das relações de trabalho. O Ministro da Destruição Nacional, Paulo Guedes, pretende que no segundo ano seja um 20% os trabalhadores contratado por hora e no terceiro, um 30%. E não acabou, Guedes, gostaria que as empresas de saneamento, começassem com um 50% de contratados por hora já no primeiro ano.

Se fosse por Bolsonaro e seu ministro da economia, gerente atento dos interesses do mercado financeiro, o 13º salário e o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço já teriam desaparecido, mas percebem que não é momento desse embate com o Congresso Nacional. Além de ser uma proposta inconstitucional, poderia incomodar os interesses prioritários de um presidente que vive na corda bamba das irregularidades e os crimes de responsabilidade. Bolsonaro continua na sua marcha sem pausa na obsessão de obter um segundo mandato. E de fato, as pesquisas de intenção de voto, de cara a 2022, afirmam seus desejos, apoiados, incrivelmente, na miséria e o desalento que transformaram o auxílio emergencial de 600 reais no melhor cabo eleitoral do líder da ultradireita pátria.

É claro que, ao menos de acordo com a legislação em vigor, as empresas não poderiam recontratar um funcionário demitido. Porém, temos observado, desde o golpe de 2016, que a lei vai recuando no Congresso e se adequando aos mandados dos interesses empresariais.

A situação do trabalhador brasileiro é muito desconfortável no presente. A perda crescente de direitos, o desemprego, o desalento, a “uberização” do trabalho, a queda dos índices do Produto Interno Bruto, PIB, a pandemia que dizima o país e a falta de credibilidade do governo em áreas sensíveis para os países centrais, também apresentam um cenário desconfortável para um governo que aposta na neoescravidão, escorado ainda num bom nível de aprovação.

Corresponde à classe trabalhadora organizada, aos movimentos sociais e à mídia independente acertarem os esforços para alertar e dificultar este processo brutal de desmonte do país e dos direitos na tentativa de formalizar a neoescravidão. Não é fácil parar a máquina bolsonarista, mas não é impossível. Há que tentar. 

#Editorial #Desacato13Anos #DesacatoSemprePresente

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