Os direitos inalienáveis do leitor

Por Dauro Veras.

O prazer da leitura é um tema que me interessa muito. E devia interessar também a todos os pais e professores, que, muitas vezes, na maior das boas intenções, terminam criando aversão nos filhos/estudantes ao obrigá-los a certas coisas, como ler O Guarani sem preparação e estímulo prévios. A propósito, encontrei essa lista bacana e divido com vocês: Os direitos inalienáveis do leitor, por Daniel Pennac, em “Como um Romance” (citado em Peciscas, onde cheguei pela dica de Lady Rasta). Comentei abaixo de cada tópico.

1 – O direito de não ler

Não li Ulysses nem O monge o e executivo. Nem a maioria dos livros escritos pela humanidade, aliás. Minhas Mil e uma noites não chegam a um trimestre.

2 – O direito de saltar páginas

Gosto de abrir um livro novo pelo meio e bisuiar umas linhas antes de começar pelo começo. Amei Rayuela, do maluco do Cortázar.

3 – O direito de não acabar um livro

Pode me xingar, mas parei no primeiro capítulo de Os Sertões, de Euclides da Cunha. Dizem que a partir do segundo a coisa engrena.

4 – O direito de reler

Releituras recentes: Os vagabundos iluminados (Kerouac), Sagarana (Guimarães Rosa), Cai o pano (Agatha Christie).

5 – O direito de ler não importa o quê

Bula de remédio, rótulo de caixas de sucrilhos, Tex, pulp fiction…

6 – O direito de amar os “heróis” dos romances

Larry de O fio da navalha (Somerset Maugham); Bandini, de Pergunte ao pó (John Fante); Tarzan, de E. R. Burroughs; Huckleberry Finn, de Mark Twain.

7 – O direito de ler não importa onde

No ônibus; na praia; comendo (se tou sozinho) e descomendo. Meu lugar preferido é a rede embaixo das árvores. E um dos mais desconfortáveis é a tela do computador.

8 – O direito de saltar de livro em livro

8b: e o direito de espalhar livros não lidos pela casa toda, pra esbarrar neles por acaso.

9 – O direito de ler em voz alta

Pros meninos antes de dormir. Monteiro Lobato em voz alta é uma delícia. Imito as vozes de Emília, do Visconde, de Pedrinho, de Dona Benta…

10- O direito de não falar do que se leu.

Comentar livro erótico é que nem sair contando como foi a transa.

Fonte: http://www.dauroveras.com.br

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