Redação
Em momentos em que a maioria das bases dos partidos e movimentos sociais de esquerda aguardam a consolidação da Frente de Esquerdas, que já teve mais de 50 reuniões desde 2019 até agora, surgem algumas rusgas entre os partidos que a compõem. O centro do problema é a composição majoritária da aliança. Só o nome do candidato do PSOL, Elson Pereira, parece estar consolidado para a cabeça da chapa. O problema está no nome do ou da vice.
Nos bastidores se assinalam duas possibilidades, Lino Peres, que era o nome mais cogitado para prefeito ou vice na chapa da Frente, ou ainda uma candidatura do PCdoB, cujo nome não tem circulado, mas, poderia ser a pré-candidata da legenda a prefeita, Janaína Deitos. O PDT abriria mão do seu candidato à prefeitura, Vanderlei Farias, “Lela” e centraria força na chapa proporcional para vereadores.
A data dos encontros municipais se aproxima e alguns candidatos e candidatas, mesmo antes do início formal das campanhas, já lançaram propostas. Ontem, 31 de julho, foi Elson Pereira que, lançou suas propostas para a cidade.
A militância dos partidos políticos, em geral, já tem sido enfática em aprovar uma frente que derrote o atual prefeito Gean Loureiro, ou qualquer outra candidatura do campo conservador, ou ao menos, que acumule forças em direção à eleição nacional de 2022.
A carta redigida pela direção ampliada do PT Municipal colocou uma primeira preocupação importante num cenário ainda não consolidado dentro da frente. Saber qual será a reação das siglas menores em caso de ruptura da atual composição é um dado que pode mover a realidade de um lado a outro.
O PSOL parece estar navegando de braçada com a cabeça de chapa garantida. O PT, por sua vez, afirma sua prioridade histórica pela construção de uma frente do campo progressista. Os próximos dias podem ser decisivos. Enquanto isso os candidatos e candidatas proporcionais esperam com ansiedade que a situação se resolva para armar seus palanques virtuais.
Leia a carta da Direção do PT Municipal de Florianópolis:
Carta do PT aos Partidos que fazem parte do esforço para uma Frente de Esquerda nas Eleições de 2020 em Florianópolis.
Companheiras e Companheiros: DA UNIDADE VAI SEMPRE NASCER A NOVIDADE. Canto entoado por Elis, nos versos brotados da mente brilhante de Gonzaguinha, nos idos de 1985, é verdadeira ode e chamamento à fragmentada esquerda brasileira de então, para que se unificasse em torno de um projeto político democrático e popular.
Em que pese o grito qualificado do poeta popular, este não pode vislumbrar o brotamento da primeira e mais autêntica experiência de unidade política dos campos progressistas em um processo eleitoral, que se deu em Florianópolis nos idos de 1992, portanto há 28 (vinte e oito) anos.
Desde aquela experiência vitoriosa, o Partido dos Trabalhadores e Trabalhadoras de Florianópolis sempre se colocou no debate central da constituição de frentes democráticas e populares na cidade, tendo participado da administração popular vitoriosa em 1992 e encabeçado a chapa que foi ao segundo turno em 1996.
De 1996 em diante, mormente todos os esforços empreendidos pelas forças representativas deste campo progressista, inclusive do PT, muitos fatores impediram a tão sonhada unificação, tendo por resultado prático sucessivas vitórias da direita conservadora nos pleitos municipais.
A partir do golpe jurídico e parlamentar orquestrado em 2016, as forças neoliberais (Governo Temer) e, com a prisão política de Lula, fascistas (Governo Bolsonaro) vem destruindo todos os avanços conquistados pelo povo brasileiro nos governos Lula e Dilma, sendo o avanço atroz do fascismo, da onda privatista e retirada de direitos, uma realidade latente à ceifar a vida e o sonho de milhões de brasileiros e brasileiras.
Diante de tal realidade, de verdadeira necessidade de resistência e combate ao fascismo e da (re)construção de políticas alternativas à agenda neoliberal, renasceram em 2018, mais precisamente no segundo turno daquelas eleições, as condições políticas de ambiência para retomada histórica de construção de uma frente de esquerda em Florianópolis, processo, que o PT priorizou e atuou com relevante protagonismo.
De lá para cá, esta frente de resistência foi amadurecendo a possibilidade de disputa do processo eleitoral de forma unificada, com a participação de 9 partidos políticos inicialmente, encantando o coração e mente de milhares de florianopolitanos. A emergência da pandemia da COVID-19, nesse ano de 2020, gerou uma enorme crise sanitária com grandes consequências econômicas, sociais e políticas. No mundo, são dezenas de milhões de pessoas infectadas e centenas de milhares de mortos. A atuação do Brasil nessa realidade dramática tem sido desastrosa. O presidente da República nega a gravidade da doença e despreza as mortes dos brasileiros. Como consequência, não temos um Plano Nacional de enfrentamento e não aplicamos as medidas de controle com eficácia comprovadas, enquanto não há prevenção por vacinas específicas e medicamento apropriado. A ciência e as orientações de organismos nacionais e internacionais foram implementadas de forma precária e descoordenadas, resultando em milhares de mortes que poderiam ser evitadas.
Esse contexto, reforça a responsabilidade social de uma Frente de Esquerda, como campo político que defende o Fora Bolsonaro Genocida e apresenta um projeto de revalorização do papel do Estado com políticas públicas tais como o SUS, renda básica universal e a democratização dos espaços da cidade, em contraposição à reeleição do Gean e dos demais projetos da direita e extrema direita em Florianópolis.
O Diretório Municipal do PT, em reunião ampliada com sua base militante, realizada em 29/07/2020, apreciou a conclusão da consulta aos presidentes dos partidos em encontro virtual da Frente, acontecido no dia 28/07/2020. O resultado, apontando a Chapa Majoritária a ser composta pelo Psol e PCdoB, excluindo o PT, trouxe inconformismo e incredulidade.
Diante disso, o PT decidiu encaminhar essa carta, com os seguintes posicionamentos:
- O PT continua apostando na Frente, pela importância dessa opção como a melhor alternativa para a população de Florianópolis.
- Sem qualquer juízo de hierarquia ou relevância, o PT reafirma que a chapa majoritária que melhor responde aos critérios aprovados, é uma chapa PSol/PT ou PT/Psol.
- A grande maioria das lideranças e militantes do PT pode compreender e aceitar uma chapa majoritária encabeçada pelo Psol, mas não pode compreender e aceitar uma chapa majoritária sem o PT.
Assim, vimos solicitar aos dirigentes dos partidos que participam desse esforço, para que seja feita uma reflexão aprofundada e essa posição seja revista, garantindo ao PT participação na chapa majoritária. Ainda, de acordo com o entendimento dessa grande maioria do PT, o partido não aceitará qualquer outro papel na Frente, por mais significativo que seja.
Encerramos com a afirmação insofismável de que o Partido dos Trabalhadores, como uma das principais forças políticas deste campo, deve protagonizar os esforços de construção da unidade para fazer nascer a novidade, como vem envidando os esforços, fato demonstrado neste documento inclusive, fazendo-se, por consectário lógico, respeitar a importância da dimensão deste partido como instrumento de conquistas da classe trabalhadora brasileira, dos movimentos sociais e do campo popular em geral, para, em última análise voltarmos a ver Florianópolis governada sob a lógica da democracia popular, socialmente justa e ambientalmente sustentável, tendo o ser humano como centro da política pública
Com Cordiais saudações socialistas
DIRETÓRIO MUNICIPAL DO PARTIDO DOS TRABALHADORES DE FLORIANÓPOLIS ELIANE LUZIA SCHMIDT PRESIDENTA
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Imagem: Redes Sociais