Morre em Bauru a líder indígena Jupira

Servidora pública, trabalhou na Funai e foi candidata duas vezes

Jupira foi candidata duas vezes por acreditar que o povo indígena precisava de representantes (Foto: Cinthia Milanez)

A líder indígena Jupira Manoel Sobrinho, conhecida por Jupira Terena, 60 anos, morreu na manhã desta sexta-feira (31), no Hospital de Base de Bauru, onde estava internada por conta de problemas cardíacos. Sua militância, também em defesa das mulheres, a tornou conhecida na cidade, na região e em terras brasileiras bem mais distantes.

Recentemente, para fazer o tratamento em Bauru, deixou o trabalho que fazia no Xingu. Era ligada à Fundação Nacional do Índio (Funai) de Colíder (MT), informa o sobrinho Ricardo Manoel Sobrinho. Natural de Araçatuba, ela foi criada na Aldeia Kopenoti, em Avaí, na Reserva Indígena de Araribá, e como servidora pública também trabalhou na Funai em Bauru.

Jupira foi candidata a deputada federal em 2018 e a vereadora em 2016 por acreditar que o povo indígena precisava de um representante. Atualmente, estava filiada ao PSOL, que em sua nota de pesar destacou a luta dela em defesa das populações indígenas de todo o País.

Em 1988, Jupira participou ativamente da discussão das propostas aos indígenas na Constituição. Em entrevistas concedidas ao Jornal da Cidade, contou ter enfrentado preconceito e discriminação, situação superada também por meio da educação. Entre as bandeiras de Jupira estava a criação da aldeia urbana.

Em maio deste ano, ficou muito abalada com o falecimento da mãe Esther da Silva Sobrinho, a primeira mulher a tornar-se técnica indigenista da Funai e que redigiu uma carta para o marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, em meados da década de 50, solicitando ajuda para estudar e, assim, auxiliar seu povo.

Esther era companheira de Tibúrcio Manoel Sobrinho, falecido em 2016, que foi cacique dos terena da reserva de Araribá, com quem teve sete filhos. Jupira manteve a luta dos pais e agora deixa os filhos Karany Metuktire e Suiyane Sobrinho Txukarramãe de Oliveira Almeida, além de cinco netos.

Seu corpo está sendo velado no centro velatório situado em frente ao Cemitério Redentor, onde será sepultada neste sábado (1), às 10h.

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