Por “ordem de Bolsonaro”, grilagem de terra pública no MT tem conivência do Incra

Cerca de 100 famílias sofrem intimidações enquanto aguardam cumprimento de sentença

Famílias seguem acampadas ao lado da área grilada pela Fazenda Araúna – Foto: CPT

Por Igor Carvalho.

Uma fatia de 14,7 mil hectares, de um total de 211 mil hectares da Gleba Nhandú, em Novo Mundo, no Mato Grosso (MT), é ocupada pela Fazenda Araúna. Mas não deveria. O Tribunal Regional Federal (TRF) da 1º Região decidiu em setembro de 2019 que a área havia sido alvo de grilagem – ou seja, falsificação de documentos de posse de terras públicas –  e determinou que ela deve ser usada para a Reforma Agrária.

A decisão determinou que os funcionários e a estrutura da Fazenda Araúna saíssem em até 60 dias. Porém, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), órgão que deveria requerer a posse das terras para destiná-las às famílias que aguardam a retirada da estrutura e funcionários da Fazenda Araúna, para partilha do território, se recusa a intervir na área.

Em uma das notas que emitiu sobre o assunto, o Incra informou que seguindo a orientação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), “suspendeu a criação de novos assentamentos para a Reforma Agrária”.

Diante da morosidade do Incra, 100 famílias do acampamento Boa Esperança estão acampadas ao lado da fazenda e se tornaram alvo de violência dos funcionários da Fazenda Araúna. Ivanildo Teixeira, superintendente do órgão na região, já afirmou que “não irá adotar nenhuma medida para a criação de Projetos de Assentamento na região.”

De acordo com os acampados, policiais fardados e armados foram até a área e humilharam as famílias, obrigando algumas pessoas, entre elas uma mulher, a se despirem na frente de todos. No dia 15 de maio deste ano, jagunços da Fazenda Araúna teriam matado animais que pertencem ao acampamento e atirado para cima, com a finalidade de assustador os acampados.

A propriedade da Fazenda Araúna era requerida pelo agropecuarista Marcelo Bassan, que afirmava ter comprado o terreno em 1990. Com a morte do grileiro, a família, que está à frente do seu espólio, segue na área, insistindo na posse do território.

Procurado, o Incra não se manifestou até o fechamento desta matéria.

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