Leitores e leitoras do Portal Desacato e audiência do JTT Agora, bom dia.
Dias atrás, afirmamos que o governo de Santa Catarina, e muitos dos seus municípios, são subalternos ao obscurantismo federal impulsionado pelo presidente da república. As decisões tomadas por alguns dos prefeitos catarinenses demonstram de forma assertiva o que falamos.
Apesar do posicionamento do diretor executivo do Programa de Emergências em Saúde da Organização Mundial da Saúde, Michael Ryan que, com relação a medicamentos como a cloroquina e a hidroxicloroquina, afirmou que não foram identificados como eficazes para o tratamento da covid-19, alguns gestores municipais decidem seguir as orientações do negacionista Bolsonaro.
O prefeito de Brusque, Jonas Paegle, médico membro do partido Democracia Cristã, decidiu através da sua secretaria de saúde a compra de 55 mil reais de hidroxicloroquina de 400 mg. São 8 mil comprimidos que chegarão ao município com prioridade de distribuição entre obesos, hipertensos e diabéticos. Antes, Paegle ordenou a compra de 97 mil reais de azitromizina, que é para combater bactérias e não vírus.
Brusque, com 135 mil habitantes, tinha até o último domingo 23 mortes e 1.772 casos de pessoas infectadas. Uruguai, no país inteiro, tem 34 mortes sobre um espectro de 3 milhões e 600 mil habitantes. Alguma coisa não funciona em Brusque e se as receitas são as mesmas que Bolsonaro propagandeia a diário, não vai por um bom caminho.
Em Joinville a ocupação dos novos leitos de UTI abertos para coronavírus foi imediata. Entre a rede pública e privada Joinville espera contar esta semana com 144 leitos de UTI para o tratamento dos pacientes infectados. Joinville já somou 6.118 casos de infectados. Voltando a comparar com o Uruguai, aquele país todo tem 1.192 casos.
Parece miserável que num estado como o catarinense, que se aproxima dos mil falecidos, e supera em casos a países inteiros como Emirados Árabes, Nigéria e Sérvia, para citar só alguns, e está no patamar de falecidos do Japão, que tem 130 milhões de habitantes, tenhamos gestores tão desinteressados na saúde pública . Não se trata de ser um país do primeiro mundo ou um estado de um país de novo periférico, mas, de ter respeito pela população, tem empatia com o outro e a outra. Trata-se de não transformar uma pandemia que matará mais de mil pessoas em Santa Catarina em uma matéria ideológica a ser aprovada.
O secretário de saúde de Brusque, Humberto Fornari, disse que aqueles médicos que não queiram tratar seus pacientes com os medicamentos comprados pela prefeitura, reconhecidamente inócuos, podem pedir para sair. A pergunta é por quê, com esses números catastróficos, não é ele que pede para entregar o boné. Ele e todos aqueles secretários de saúde e prefeitos irresponsáveis de Santa Catarina.