O ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, foi alertado por sua equipe de técnicos da pasta, em reunião no dia 25 de maio, que os efeitos da Covid-19 no Brasil podem durar até dois anos caso o país não invista no isolamento social.
“Sem isolamento, um tempo muito grande de 1 a 2 anos para controlarmos a situação”, diz ata da reunião do Comitê de Operações de Emergência (COE) do ministério. Documento foi obtido pelo jornal Estado de S.Paulo.
Segundo a equipe do militar, “todas as pesquisas” afirmam que o distanciamento é “favorável” até mesmo para o retorno da economia mais rápido.
“Sem intervenção, esgotamos UTIs, os picos vão aumentar descontroladamente, levando insegurança à população que vai se recolher mesmo com tudo funcionando, o que geraria um desgaste maior ou igual ao isolamento na economia”, afirmam técnicos da pasta.
Desde o início da pandemia, no entanto, o presidente Jair Bolsonaro tem utilizado um discurso contrário à quarentena. A postura do ex-capitão contra medidas recomendadas por autoridades de saúde levou à demissão de dois ministros da Saúde em meio à pandemia: Luiz Henrique Mandetta, em 16 de abril, e Nelson Teich, em 15 de maio.
Sob gestão de Pazuello, o ministério deixou de destacar a importância do isolamento social e tem investido em medicamentos sem comprovação científica, como a cloroquina, para lidar com a doença.
Questionado no dia 1º de julho sobre a relação do avanço de casos no país e a flexibilização da quarentena, o secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo Correia, evitou uma resposta objetiva. “Não posso afirmar que este aumento tem relação direta com a decisão do gestor local”, disse.