247 – Jair Bolsonaro vai finalmente realizar a aspiração das polícias de ter um representante na Esplanada dos Ministérios para defender seus interesses corporativos, como já acontece com evangélicos e militares das Forças Armadas.
Bolsonaro aposta no apoio de PMs e bombeiros, para reforçar sua base de apoio, no momento em que seu governo está em crise, com queda de aprovação e contestação em diversos setores políticos e sociais. O setor, que conta com 470 mil integrantes desempenhou papel ativo na campanha eleitoral de Bolsonaro.
“Quem fez a campanha (para eleger Bolsonaro) foram os PMs e bombeiros. Na hora de virar chefe, viraram (ministros) os comandantes das Forças Armadas”, afirmou o líder do PSL no Senado, Major Olimpio (SP), defensor de pautas policiais no Legislativo, entusiasta da recriação da pasta e ex-aliado de Bolsonaro.
Reportagem de O Estado de S.Paulo aponta que a recriação do Ministério da Segurança com um nome de um representante da área policial ajudará o apoio ao governo.
O setor não esconde a insatisfação com o fato de ser mais numeroso do que as Forças Armadas, que têm 360 mil homens e três oficiais no primeiro escalão: Walter Braga Netto (Casa Civil), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo).
A recriação do Ministério da Segurança Pública é alvo de intensa disputa há meses. O principal candidato ao posto de ministro é o ex-deputado Alberto Fraga (DEM), tratado como uma espécie de “ministro informal” por Bolsonaro, o que causa ciúmes dentro do governo. Segundo o major Olímpio, senador por São Paulo, os ministros militares não querem Fraga, têm preconceito porque ele é PM.
A ideia é que, num primeiro momento, o novo ministério cuide de questões como integração com a segurança dos Estados e municípios, sem ter ascendência sobre Polícia Federal (PF) e Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Associações de policiais defendem que o novo ministro poderia desenvolver operações integradas entre os Estados. A ideia é apoiada pelo ministro Jorge Oliveira, da Secretaria-Geral da Presidência, major da reserva da PM no Distrito Federal.
O clã Bolsonaro defende bandeiras caras ao setor das polícias, como o discurso do excludente de ilicitude e endurecimento penal.
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