Leitores e leitoras do Portal Desacato e audiência do JTT Agora, bom dia.
Como jornalistas, mas, sobretudo, como cidadãs e cidadãos, observamos com interesse a construção de frentes político partidárias em Santa Catarina. Não depositamos esperanças irresponsáveis que procurem desta amálgama inicial nada muito além do que os partidos, reunidos ou separados, vêm apresentando numa insegura e por vezes bisonha oposição à monstruosidade que governa o Brasil. Mas, esperamos sim que sejam capazes, na sua amplidão e incertezas, de ir além do período eleitoral.
Em Florianópolis a Frente de Esquerda reúne a maior aliança progressista já articulada na história da cidade. Maior que aquelas que a esquerda apresentou na última década do século passado. Siglas antigas e com bastante peso eleitoral reúnem-se com novas legendas, algumas nascidas recentemente e em pleno processo de construção na cidade e no estado.
Se olharmos ao passado, há uma nova realidade nacional e local, e estas frentes ao longo de Santa Catarina, desde o litoral até a Frente Democrática da fronteiriça São Miguel do Oeste, precisarão interpretar o novo momento, as novas formas de atrair o eleitorado. Há novos relatos num país destruído por um governo serviçal, como nunca antes, aos interesses dos banqueiros e da alienação do país a serviço dos Estados Unidos, nação da qual o ex-capitão festeja “patrioticamente” os aniversários da independência.
Se por um lado se trata de uma eleição local, com perfil de demandas e realidades particularizadas, é esta eleição municipal que aprontará o terreno para uma nova escolha nacional da ultradireita para gerenciar o país, ou outra opção que alivie, ao menos um pouco, a vida das e dos brasileiros. Num estado que elegeu Bolsonaro de forma acachapante, independente da fraude eleitoral que foi a eleição de 2018, a batalha que terá por diante a frente progressista é incalculável. Precisará sintetizar em alguns eixos programáticos básicos a demanda que permeia à sociedade trabalhadora catarinense em cada município. Deverá atender as demandas setoriais sem fragmentar sua proposta, e não será fácil.
A direita convoca por via eletrônica e as esquerdas sempre tiveram a rua como lugar de aglutinação. A pandemia parece também confabular em favor das hostes reacionárias. Resta à essas frentes decifrar o discurso adequado para convocar através das redes sociais a um grande debate programático: deixar que o eleitorado participe ativa e diretamente, em poucas semanas, de uma construção histórica que, se não vencer, abra uma fresta no horizonte para uma vitória imprescindível em 2022, mesmo nos limites que nos impõe a democracia representativa. E sem as concessões que nos trouxeram até a derrota infame que prostrou o Brasil de hoje.
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