É PRECISO
com a incerteza do tempo que virá
escrevo este poema
não nutro esperança vã
eis que do amanhã nada se sabe
o hoje é um simulacro de dor
de gente que passa pro lado de lá
de pessoas que partem
muitos antes da hora
chegará o tempo da mudança
do descarte das coisas imprestáveis
chegará o tempo dos abraços
sem interesses?
atravessar a escuridão
como os pássaros que cantam
em dias de chuva
ainda que o vento desfaça seus ninhos
pisar sobre cacos
reinventar caminhos
mais uns com os outros
chega de virar o rosto
o dinheiro vilão da história
deve servir pra aconchegar vida
passou da hora de gente morrer
por não ter o que comer por covid
é preciso rever valores
é preciso acalentar amores
é preciso por certo
encharcar o mundo com afeto