O fim do Ministério da Saúde

Por Fernando Brito.

Poucos meses antes de completar seus 90 anos de criação – 20 dias depois da Revolução de 30, que pôs fim à noção de que a questão social seria “caso de polícia” – extingue-se, na prática, o Ministério da Saúde no Brasil.

Pois o Decreto 14.902, assinado por Getúlio Vargas e Oswaldo Aranha, dizia que era atribuição do órgão estudar e decidir sobre os “assuntos de saúde pública e assistência hospitalar”.

É exatamente o que se acabou de perder com a loucura fascista que está sendo feita com o registro dos casos e óbitos pela epidemia do novo coronavírus.

Não é só a desinformação sobre os efeitos da pandemia. É a erosão, senão a própria demolição, da credibilidade da maior autoridade sanitária do país, responsável por disseminar informações e regras de conduta para toda a comunidade médica e hospitalar.

Do atropelo estúpido com o protocolo da cloroquina pode-se ainda dizer que contou com a cumplicidade inqualificável do Conselho Federal de Medicina. Da censura e manipulação de dados, nem isso: foi o general-ministro, cumprindo ordem do ex-capitão, emprenhado pelas ideias “geniais” do bilionário que iria para a Secretaria de Saúde do órgão de que “morria gente demais” nas estatísticas.

Se fazem isso com a covid-19, porque não o farão com tuberculose, disenteria, acidentes vasculares ou cardíacos? É a maneira mais fácil de “resolver” qualquer problema sanitário do país: varrer-se para baixo do tapete.

Voltamos no tempo e, nesta truculenta república em que vivemos, mal não se definirá a questão social como sendo caso de milícia.

A opinião do/a autor/a não necessariamente representa a opinião de Desacato.info.

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