O Twitter encerrou recentemente uma conta gerida por uma organização de extrema direita que fazia passar-se por um coletivo Antifa e incitava à violência nos protestos nos Estados Unidos da América.
Segundo comunicado publicado pelo Twitter e divulgado pela agência Lusa, a conta @Antifa_US “violava as políticas de manipulação da plataforma e ‘spam'” da tecnológica norte-americana, em particular, a “criação de contas falsas”, tendo sido por isso encerrada. No comunicado explicam ainda que a conta era gerida pelo grupo Identity Evropa, de supremacistas brancos, tendo chamado a atenção de vários utilizadores e funcionários do Twitter por incitar de forma bastante explícita ao controlo das manifestações através da violência.
“Esta é a noite, camaradas!”, escreveram no Twitter, seguindo-se um emoji de um punho negro, “hoje dizemos ‘Que se foda a cidade’ e vamos para as áreas residenciais… para os bairros brancos… e conquistamos o que é nosso…”. Otweet terminava com a hashtag blacklivesmatter, dando assim à publicação maior visibilidade na rede social e associando-a ao movimento pela defesa dos direitos das pessoas negras. Segundo declarações de representantes do Twitter, nos últimos dias duas outras hashtag tornaram-se virais, todas com mensagens que insinuavam que estava a acontecer algum tipo de silenciamento ou censura dos reais protestos que ocorrem em vários estados dos EUA. O Twitter removeu ambas as hashtag, informando que estavam a ser promovidas por “centenas de contas de spam”.
“Estamos a tomar medidas proativas para combater quaisquer tentativas coordenadas de boicotar o debate público em torno desta questão”, disse um porta voz da rede social.
Antifa é um grupo antifascista que nos últimos anos tem servido de bandeira pela extrema direita dos EUA e Europa contra quaisquer manifestações antisistema e contra o fascismo.
Os antifascistas procuram pôr fim a movimentos e políticas fascistas, racistas, neonazis, de extrema direita e LGBTfóbicas. Porém, é o próprio Presidente dos EUA que tenta equiparar o movimento antifascista aos fascistas que procuram combater. Recentemente, o Presidente dos EUA acusou os antifa de serem responsáveis pela violência dos protestos contra a morte de George Floyd e ameaçou classificar o grupo como uma organização terrorista – algo que vários peritos já vieram dizer ser inconstitucional.
Mas Trump já tinha equiparado o movimento fascista e o movimento daqueles que visam combater o fascismo em várias ocasiões, sendo a mais conhecida aquela que ocorreu em 2017 aquando do assassinato de Heather Heyer. A extrema direita americana tinha organizado o protesto “Unite the Right” e vários movimentos antifascistas organizaram uma contra-manifestação. No final dos protestos, um carro conduzido por um homem de extrema direita foi contra os manifestantes, atropelando vários pelo caminho e matando Heather Heyer. Na sua reação ao sucedido, Donald Trump afirmou que existiam boas e más pessoas em ambos os lados, desvalorizando o homicídio.