A investigação contra o presidente Jair Bolsonaro por interferência na Polícia Federal (PF) ganha novos avanços nesta semana. Entre hoje e quinta-feira (14), os investigadores ouvem mais testemunhas, entre elas ministros de Estado, delegados e a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP).
Todos eles foram citados pelo ex-ministro e ex-juiz da Lava Jato, Sérgio Moro, nas acusações contra o mandatário por querer interferir em investigações que recaem contra ele, sua família e interessados, junto à Polícia Federal (PF).
Amanhã (12), serão ouvidos três ministros de Estado, que foram mencionados por Moro de poder testemunhar sobre as ameaças e intenções do mandatário. São os ministros do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, o da Casa Civil, Walter Braga Netto, e o da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos.
A expectativa é que eles não confirmem as acusações contra Jair Bolsonaro, uma vez que hoje ocupam cargos estratégicos e de confiança da Presidência. Os três ministros serão ouvidos simultaneamente, tanto por investigadores da PF, quanto da Procuradoria-Geral da República, com o objetivo de evitar versões combinadas.
Entre as acusações feitas, Sérgio Moro denunciou que Bolsonaro tinha interesse na troca do diretor da PF e do superintendente da PF no Rio de Janeiro e, para isso, teria pressionado e feito ameaças. Neste último posto, Bolsonaro já havia feito uma mudança, em setembro do ano passado, de Ricardo Saadi por Carlos Henrique Sousa. Ambos serão ouvidos hoje.
Ainda nesta segunda, Alexandro Ramagem será ouvido como testemunha. Ele foi o escolhido por Jair Boslonaro para comandar a corporação, considerado peça-chave na investigação, por ser próximo da família Bolsonaro e atual diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e que atenderia aos interesses do mandatário no posto, segundo as acusações de Moro.
Outros dois delegados também prestam depoimento nesta semana, Alexandre Saraiva, cotado para assumir o comando da PF, e Rodrigo Teixeira, que conduz o inquérito sobre a facada de Bolsonaro, em 2018. O objetivo de ouvir ambos, segundo o PGR, Augusto Aras, é para verificar “eventual patrocínio, direto ou indireto, de interesses privados do presidente perante a PF”.
Ainda no mesmo inquérito, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Mello, deve decidir se torna público o vídeo mencionado por Sérgio Moro, sobre a reunião ministerial em que Bolsonaro teria ameaçado Moro para demitir o então diretor-geral da PF. A Advocacia-Geral da União (AGU) pediu, nos últimos dias, de maneira insistentemente, que pudesse entregar somente trechos dessa reunião, e não a íntegra.