Por Esamel Morais.
Uma entrevista do presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, numa live transmitida pelo presidente Jair Bolsonaro, abusou da “teoria da conspiração” contra o mandato do “Capitão Cloroquina”.
Condenado por corrupção na ação penal do mensalão, Jefferson acusou ontem à noite o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de arquitetar um “golpe parlamentarista”.
“Eu tenho total convicção do que estou falando”, disse o ex-mensaleiro, porém sem apresentar prova alguma.
Durante manifestação à tarde em favor do AI-5, intervenção militar no Brasil, Bolsonaro também criticou o presidente da Câmara, que estaria semeando o “caos” e “enfiando a faca” no governo federal. “Eu lamento a posição do Rodrigo Maia, que resolveu assumir o papel do Executivo. Eu respeito ele, mas ele tem que me respeitar. O sentimento que eu tenho é que ele não quer amenizar os problemas, ele quer atacar o governo federal, enfiando a faca no governo federal. Parece que a intenção é me tirar do governo”, disparou.
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O ex-deputado federal Roberto Jefferson foi entrevistado pelo jornalista paranaense Oswaldo Eustáquio, um ex-dilmista convertido ao bolsonarismo.
A teoria da conspiração consiste na ‘certeza’ que Maia estaria se movimentando para votar a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 101/2003, para permitir que os presidentes da Câmara e do Senado tentem reeleição. O mandato de Maia à frente da Câmara termina em 31 de janeiro de 2021.
Na loucura política do entrevistador e do entrevistado, sempre sob o olhar atento de Bolsonaro, eles acusaram a participação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o FHC, cuja ordem para o PSDB ingressar no golpe parlamentarista teria dado num entrevista ao Estadão.
Ainda fariam parte do diabólico golpe parlamentarista, segundo a teoria da conspiração bolsonarista, os governadores João Doria (PSDB-SP), Wilson Witzel (PSC-RJ) e Flávio Dino (PCdoB-RJ).
O braço parlamentar nesse esquema para derrubar Bolsonaro contaria com a participação da deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), ex-líder do governo no Congresso.
A teoria da conspiração bolsonarista compreende que o presidente da Câmara “já encomendou” o pedido de impeachment que está sendo redigido pelo presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz.
Resumindo, os conspiradores seriam as seguintes pessoas:
- Rodrigo Maia, presidente da Câmara
- Davi Alcolumbre, presidente do Senado
- Gilmar Mendes, ministro do STF
- João Doria, governador de São Paulo
- Flávio Dino, governador do Maranhão
- Wilson Witzel, governador do Rio
- Joice Hasselmann, deputada federal
- FHC, ex-presidente da República
Robôs sobem o tom das provocações com #FechadosComBolsonaro
Os robôs bolsonaristas trabalharam durante a madrugada e colocaram a hashtag #FechadosComBolsonaro no topo do Twitter já no início da manhã. Foram 22 mil postagens antes das 9 da manhã.
As postagens seguem o discurso ufanista de Bolsonaro e mantêm os ataques principalmente contra o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM); mas também contra os governadores de São Paulo, João Doria (PSDB); Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC); a esquerda, o PT, os comunistas, etc.
Isso tudo faz pensar que a ida de Bolsonaro a uma manifestação pela intervenção militar neste domingo em Brasília seja seja parte de uma estratégia belicista para provocar as instituições e forçar a articulação de um pedido de impeachment.
Bolsonaro se abriga nos militares e anima seus apoiadores a defendê-lo até o fim. Mas aí resta saber, que fim?
Na noite deste domingo (19), Bolsonaro (sem partido) transmitiu uma ‘live’ do jornalista Oswaldo Eustáquio e do presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, sobre um suposto golpe parlamentarista articulado pelo Congresso nacional.
“O presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, autor da denúncia do Mensalão, vai trazer a rota do golpe parlamentarista operacionalizado por Rodrigo Maia. Parte do Congresso trabalha contra o país, contra Bolsonaro e a favor do establishment”, diz o texto com o anúncio da ‘live’ nas redes sociais.
Segundo os participantes na live, a trama envolveria os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ); do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP); e da OAB, Felipe Santa Cruz.
De acordo com Jefferson, os opositores do presidente já criaram um motivo para o impeachment de Bolsonaro.
A ex-senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) reagiu estranhando o fato de Bolsonaro assistir à entrevista de Roberto Jefferson, um condenado por corrupção.