Um grupo de 22 cientistas suecos escreveu uma carta aberta exigindo “ação rápida e radical” ao governo do país para começar a conter a continuação da propagação do surto do coronavírus. Anteriormente, um grupo de mais de 2.300 pesquisadores locais havia pedido o mesmo.
Os 22 cientistas apelam ao governo para fechar imediatamente escolas e restaurantes, fazer testes em massa dos profissionais de saúde e forçar quarentenas entre as famílias em caso de uma infecção confirmada.
O governo da Suécia optou, em vez disso, por apostar no distanciamento social e no autoisolamento voluntário da população.
“Eles não estão inclinados a mudar suas recomendações, mesmo quando as curvas da Suécia começam a diferir radicalmente das dos países vizinhos”, dizem os pesquisadores em referência aos números mais baixos de infecções em países como a Dinamarca, Noruega e Finlândia.
A Dinamarca, o país mais afetado entre os três e que, tal como a Noruega e a Finlândia, impôs uma estratégia muito mais restritiva, tem 6.876 casos e 309 mortes, em comparação com a Suécia, que registra 11.927 infecções e 1.203 vítimas.
De acordo com o grupo, a Agência de Saúde Pública da Suécia afirmou por pelo menos quatro vezes que a taxa de infecção do país tinha atingido seu pico antes de os números aumentarem ainda mais.
“Se não tomarmos medidas poderosas agora, teremos de fazê-lo mais tarde”, advertiu Jan Lotvall, professor de alergias clínicas da Universidade de Gotemburgo.
Resposta à carta
No entanto, o homem por trás da estratégia do governo, o epidemiologista estatal Anders Tegnell, não compartilha esse ponto de vista.
“Eu não entendo o que eles querem dizer”, disse. “O sistema de saúde esteve sempre sob controle. Se você olhar para a curva, temos tido consistentemente cerca de 60 mortos por dia. Tivemos um desenvolvimento infeliz no cuidado aos idosos e começamos a trabalhar muito nisso.”
Tegnell apontou para a falha do isolamento em Nova York, que tem dez vezes o número de mortos da Suécia, apesar de ter uma população semelhante ao país. Segundo o epidemiologista, a diferença de contagem das mortes pelos países confunde muito, optando por proteger a economia sueca em vez de adotar medidas precipitadas.