(Português/Español).
Um amigo opositor passou pela Feira do Livro e só soube dizer com nojo: “Muito livro de política”. Aquilo, teoricamente, era uma desqualificação.
Quando meus amigos opositores falam de política franzem a testa com raiva e esclarecem que eles – Deus os livre!- não são políticos, senão simples cidadãos que exercem seu direito de opinião. E amanhecem ligados em Globovisión, procurando uma tragédia nacional, uma hecatombe sempre falida, algo que lhes mantenha intacto o terror. Assim tomam o café, almoçam e jantam falando, com a boca cheia, mal do governo… apoliticamente, é claro.
A política, para a gente pensante deste país, é pouco menos que uma obscenidade. “A política é suja, enlama tudo o que toca.” – Afirma cada ladrão julgando por sua condição.
E é que, claro, se seu ponto de referência são os adecos, copeyanos seus neopartidos derivados, UNT e Primeiro Justiça, você não pode menos que sentir-se enjoado e precisar de um Alka Seltzer. Mas é que neste caso estamos falando da degradação da política, de seu uso desvirtuado em benefício do poder económico, dessa minoria sempre beneficiada que costuma ganhar o pão com o suor de frontes alheias.
Foram eles os que, convenientemente, nos condicionaram a repudiar a política. Q más asco nos desse menos nos íamos meter a bisbilhotar para descobrir que a política é a ferramenta matriz para a construção da Pátria.
Hoje somos um país politizado, culpechavez, lógico. Alguns o assumimos orgulhosos e outros, jogaapedraescondeamãomente, se distanciam, com fingido pudor, da política de guarimbas, sabotagem, guerra suja, mentiras globotizantes: filhos que não te tiraram, lâmpadas, espias que só dão luz, água, agua tóxica que não intoxica. E o ódio que não respeita nem os mortos, e o racismo, e as provas por chegar de uma fraude que não foi, e “vão ter que comer os tapetes”… a espoleta…
Assim, apoliticamente, se opõem a tudo o que o governo fizer, reclamam, com especial esmero, do que eles chamam de paternalismo de Estado, “porque isso de dar casas, educação, saúde as pessoas só fomenta a vagância, não cria cidadãos, mas mendigos, embora meu pai me deu tudo, até meu apartamento e minha camionetona, mas meu pai não é o Estado e eu não tenho culpa de ter um pai com grana, ou seja…”. Por outro lado, aplaudem os governos que, como pais desnaturalizados, resgatam bancos falidos tirando o pão da boca de seus povos para dá-lo aos banqueiros causantes do descalabro. Ou seja, que o Estado só deve ajudar quem não o precisa. Se os outros não tiverem pai que os ajude, fodam-se, ninguém mandou ser pobre. Apoliticamente falando, é claro.
Com razão, o nojo…
Versão em português: Projeto América Latina Palavra Viva.
La asquerosa política
Por Carola Chávez.
Pasó un amigo opositor por la Feria del Libro y sólo supo decir con asquito: “Mucho libro de política.” Aquello, se suponía, era una descalificación.
Cuando hablan de política mis amigos opositores fruncen la cara con grima y aclaran que ellos -¡Líbrelos Dios!- no son políticos sino simples ciudadanos ejerciendo su derecho a opinar. Y amanecen enchufados a Globovisión, buscando una tragedia nacional, una hecatombe siempre fallida, algo que les mantenga intacto el terror. Así desayunan, almuerzan y cenan hablando, con la boca llena, mal del gobierno… apolíticamente, claro.
La política, para la gente pensante de este país, es poco menos que una obscenidad. “La política es sucia, embarra todo lo que toca.” -Afirma cada ladrón juzgando por su condición.
Y es que, claro, si su punto de referencia son los adecos, copeyanos sus neo partidos derivados, UNT y Primero Justicia, no pueden menos que sentirte asqueados al punto de Alka Seltzer. Pero es que en este caso estamos hablando de la degradación de la política, de su uso retorcido en beneficio del poder económico, de esa minoría siempre beneficiada que acostumbra a ganarse el pan con el sudor de frentes ajenas.
Fueron ellos nos que, convenientemente, nos condicionaron a repudiar a la política. Mientras más asco nos diera menos nos íbamos a meter a curucutear e inevitablemente a descubrir que la política es la herramienta matriz para la construcción de la Patria.
Hoy somos un país politizado, culpechavez, por supuesto. Unos lo asumimos orgullosos y otros, tiralapiedraescondelamanomente, se distancian, con fingido pudor, de la política de guarimbas, sabotaje, guerra sucia, mentiras globotizantes: hijos no te han quitado, bombillos espías que solo dan luz, agua tóxica que no intoxica. Y el odio que no respeta ni a los muertos, y el racismo, y las pruebas por llegar de un fraude que no fue, y “se van a tener que comer las alfombras”… la espoleta…
Así, apolíticamente, se oponen a todo lo que haga el gobierno quejándose, con especial esmero, de lo que ellos llaman paternalismo de estado, “porque eso de darle casas, educación, salud, a la gente solo fomenta la flojera, no crea ciudadanos sino mendigos, aunque mi papá me dio todo, hasta mi apartamento y mi camionetota, pero mi papá no es el estado y yo ni tengo la culpa de tener un papá con billete, o sea…” En cambio, aplauden a los gobiernos que, cual padres desnaturalizados, rescatan bancos quebrados sacando el pan de la boca a sus pueblos para dárselo a los banqueros causantes del descalabro. Es decir, que el estado solo debe ayudar a quien no lo necesita. A los demás si no los ayuda su papá, que se jodan, nadie los mandó a ser pobres. Apolíticamente hablando, claro.
Con razón el asquito…
Foto: Tali Feld Gleiser.